Uma reflexão que me escorreu feito água de rio sobre a confusão de pensarmos sobre as incertezas de nossas vidas.
Lá estava eu de frente para a psicóloga tentando descobrir minha principal angústia. Em minha cabeça eram tantas e com tanta necessidade de explicação e ela me vinha com opções de frases que tentassem descrever meus sentimentos, com tão pouca complexidade, que pareciam diminuir minhas angústias ilustradas frente ao tamanho dos meus pensamentos.
Em meio a frases onde eu falaria em primeira pessoa como: “Não sou importante” ou “Preciso controlar tudo”, meus problemas pareciam mais fáceis de serem observados de fora. Ao fazer uma somatização de frases, percebo que meu maior problema é não ter o controle de tudo. A questão é diferente do que se pensa sobre alguém que quer controlar o mundo. Não é sobre uma pessoa autoritária e mandona que trata mal todos à sua volta para que tudo saia como desejado, mas sobre um ser frágil, com medo de tudo e que quer proteger-se de todos os lados para que sejam evitadas emoções negativas em sua vida. Chega a ser uma pessoa que desiste de um filme quando vê que o tema é drama, apenas para evitar que pensamentos ruins como uma reflexão sobre a efemeridade da vida, passem em sua mente.
Outro episódio que me trouxe este pensamento foi ver meu namorado realizando seu sonho de ser músico… Uma estranha sensação que misturava felicidade com medo e uma gaiolinha nos pensamentos tentando prender o passarinho que está começando a voar e que não sei até quando poderei ter perto de mim.
Ao pensar que minha vida pode ser completamente diferente do que tenho agora, sinto um frio na barriga, com medo de que tudo o que eu gosto se esvaia e suma como tantos outros amores somem. Aliás, como bem diz a música do Rush “nothing changes faster at the speed of love”, nada muda com tanta rapidez como o amor. Hoje amamos, amanhã estamos fragilizados, brigamos por coisinhas bobas. Pode ser um evento isolado, mas se for repetitivo, cansa e logo alguém mais leve toma o lugar. Em outros casos, sofremos e sofremos e nada nem ninguém consegue quebrar as algemas que nos foram colocadas aos sentimentos por uma pessoa e mesmo assim, um dia, do nada, elas se quebram e nos abrimos ao novo… Casais que viveram o melhor do romance se afastam e de um dia para o outro, acordam e não amam mais.
Estou fazendo uma comparação rápida com o amor, mas na verdade, tudo na vida é assim. Hoje temos nossos pais, amanhã não teremos mais e isso é uma realidade muito dura de se aceitar. Tão dura, que evitamos pensar para não nos afundarmos em pensamentos obscuros até ficarmos presos em uma gaiola de medo contínuo. Pensar que podemos morrer antes ou que podemos durar a ponto de ver todos que conhecemos partirem pode ser algo tão imensurável que preferimos pensar que a realidade tem que ser esta para sempre e que mude somente para melhor.
Mas não é bem assim…
Um dia chegamos em nossos empregos, em nossas salas de aula e nos questionamos o que estamos fazendo ali. Um dia nos pegamos fazendo alguma coisa e nos perguntamos porquê estamos fazendo isso. Um dia sofremos por alguma condição que nos é imposta pela vida e aos poucos tudo muda e nem nos demos conta e, um dia, nos lembramos que determinado assunto foi problema e que hoje não é mais e nem percebemos como o deixou de ser. O que ocorre é que todos os dias acordamos diferentes. Não percebemos nossas mudanças, mas todos os dias repetimos pensamentos e nessa repetição, encontramos soluções e melhores definições. É assim até com empresas, que precisam muitas vezes pegar a equipe principal e juntar em uma sala por horas para ficar pensando sobre uma mesma questão e não chegam à conclusão alguma sobre qual estratégia tomar, até que um dia isolado, marca-se uma outra reunião e alguém da equipe enxerga algo que antes ninguém havia conseguido, nem ele mesmo… Isso nos mostra que pensar muito sobre algo muda nossas percepções sobre a realidade e que, algo que antes era um problema, pode ser visto como uma solução em determinado momento dos pensamentos recorrentes. O acúmulo de novas experiências vividas a cada dia vai nos moldando e vamos pensando sobre as coisas e por aí vai… tudo muda e nem percebemos o quanto sabemos, na verdade, lidar com as incertezas. Somos tão bons nisso que nem notamos como nossos próprios pensamentos são incertos. Mas não temos medo de nossas incertezas não é? Somente daquilo que foge ao nosso controle…
Dizem que podemos controlar nossas realidades e falam sobre a tal da boa vibração onde atraímos coisas boas e tudo mais… Na verdade, é até isso, mas não é tão simples assim. A mente é nosso refúgio e nosso inferno. Precisamos aprender a controlá-la para assim poder mover as águas que não dependem tanto assim do acaso, mas sim, de nós mesmos. E neste exato momento, noto que não aprendemos a controlá-la, porque ela se controla com o tempo, numa mistura de projeções e repetições, trazendo até pensamentos da infância, com sensações e cheiros que se misturam à atualidade e por aí vai… E assim seguem as incertezas que deixam de sê-las e se tornam certezas que geram incertezas. E o cérebro vai moldando pensamentos e vamos vivendo uma realidade a cada dia, que muda e nem percebemos, mas vamos vivendo.
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