Eu não escrevo sobre amor.
Sobre noites mal dormidas, expectativas criadas sem querer ou como é necessário um ato de coragem para poder se entregar a alguém.
Também não escrevo sobre o pós-amor. O que se faz quando o fim fúnebre chega e resta aos sobreviventes passar pelo funeral daquela pessoa que morreu na sua vida, mas segue viva na de outros.
Me recuso veementemente: a fazer um texto fofo, falar de coisas melosas, discorrer sobre a dor do fim ou de como superar com auto-estima e amigos.
Não vou discursar sobre bater os olhos naquela pessoa e pensar “esse (a) é o futuro pai dos meus filhos/ mãe dos meus filhos”. Muito menos sobre os pequenos atos do dia a dia.
Credo, jamais sobre os pequenos atos do dia-a-dia.
Nem pense que gastarei meu tempo escrevendo sobre passar o dia inteiro na cama com aquela pessoa, jogar videogame, assistir Netflix juntos, cozinhar risoto com vinho na cozinha pequena, sentir e desejar que esses ínfimos momentos durem para sempre.
Jamais usarei experiências próprias em qualquer texto meu: citar o momento em que fomos ver o filme do Wolverine e, naquela cena que o herói se vinga de um caçador que, a sangue frio, matou um pobre urso, você havia dito que o Wolverine era uma espécie de Curupira canadense. Que eu ri tanto que o cinema inteiro se incomodou conosco.
Jamais colocarei isso em texto algum.
Se me verem falando que se apaixonar é bom, é algo que só os fortes conseguem, que é preciso abrir o coração e se jogar, podem me internar. Não, sério! Sou totalmente anti-romântica.
Acredito no pega, mas não se apega. Na curtição infinita. Para que apenas um quando se pode ter vários?
Eu sou o símbolo do desapego, minha gente. Não tenho fossas, supero tudo muito rápido. Não choro em filmes românticos, não sinto falta de ninguém.
É isso. Fim.
Não escrevo sobre amor. E é só sobre amor que escrevo.
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