Sinto muito. Sinto por ter acabado assim, sinto por você me achar um babaca, mas convenhamos que fui mesmo. Sinto por tudo o que você vai passar daqui pra frente, pelos meses de recuperação, pelas noites mal dormidas, pelos choros baixinhos durante o dia e sinto pelas ressacas que você terá depois de algumas noitadas. Tudo bem, às vezes a gente perde o controle tentando superar alguma coisa.
Eu sinto por tudo isso, pois eu sei como é passar por tudo isso. Essa raiva que você tá sentindo, eu também senti por muito tempo e faz muito mal, sabe? Não te faz crescer, não te deixa melhor e não faz a gente ficar junto de novo.
Esses lugares que você passa todos os dias, eles machucam. Aquela parede que ficamos encostados, aquela escada que descemos de mãos dadas e até aquela comida japonesa você vai evitar por um tempo, mas não faça isso. Vá a esses lugares, coma todas essas comidas e faça isso com outras pessoas, crie novas histórias para esses lugares, histórias que não machucarão tanto sua cabeça.
E esse buraco que parece habitar seu peito… bem nesse eu não consigo te ajudar, pois nem o meu está totalmente fechado, mas está esquecido e é isso que você pode tentar fazer, amontoar o resto do seu peito de alegria para que o buraco seja insignificante a ponto de você esquecer de sua existência. E da minha também.
Sim, eu quero você esqueça-se do cara que quebrou teu coração, do cara com quem você criou essa ilusão de que não viveria sem. Esquece o cara que parecia tão certo sobre tudo e de repente ficou cheio de dúvidas. Nem eu sou mais aquele cara. Quero que você esqueça o mal que vou te fazer passar nos próximos meses, esqueça essa raiva que tem mim.
Só não se esqueça de uma coisa; eu te amei. Não houve dúvidas nas minhas palavras nem medos nas minhas atitudes. Eu te amei como quem vê ternura em cada gesto, te amei do jeito que pude, do jeito que soube, do jeito que deu. Mas uma hora não deu mais… Não deu mais pra ser a pessoa preferida de alguém, não deu mais pra carregar a responsa de estar sempre por perto. Simplesmente não deu e nem sei se algum dia vai dar, pelo menos pra mim.
Então, depois que esses meses obscuros passarem, desculpa, mas eu não vou estar aqui, pelo menos não essa versão de mim e muito menos essa versão de você estará. Vamos estar mais maduros, mais calejados pela vida e os buracos em nosso peito estarão menores. E assim poderemos finalmente ver a razão pela qual falamos o nosso primeiro “Oi, tudo bem?”.
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