A vida é um presente. É uma benção que vem do andar de cima e está acima de qualquer outra questão. O que acontece entre o primeiro e o último choro é uma caminhada de amor, de superação, de idas e vindas, subidas e descidas e muita gratidão pela história construída.
Não existe mar de rosas, mas há um oceano de flores e sabores que temos a oportunidade de descobrir. Provamos os mais doces momentos ao lado daqueles que caminham conosco, que remam na forte correnteza quando ela parece querer nos derrubar.
São as pessoas que escolhemos para dividir o caminho e as predestinadas a vivê-lo junto de nós, aprimorando nossa paciência, resiliência e compaixão. Pessoas que vêm por algum motivo, que ficam porque assim está escrito e que vão embora quando terminam a parte que lhes cabe no percurso. Na mesma estrada também conhecemos os mais amargos prazeres, os dissabores, as perdas, o azedume dos momentos ruins. Faz parte da caminhada e por eles também devemos gratidão. É na queda que aprendemos sobre a nossa força e quanto mais vezes cairmos, mais em pé aprenderemos a ficar.
Quando recebemos a oportunidade de iniciar nossa história no mundo, também ganhamos compartimentos com capacidade infinita. Conforme o filme da nossa vida vai passando, vamos preenchendo esse vazio com sentimentos e recordações. Somos tão abençoados que o cara lá de cima nos deu a chance de escolhermos o que guardamos e o que jogamos fora.
E a generosidade não para por aí, pois também fomos feitos para compartilhar tudo o que está nos nossos compartimentos e doarmos ao outro aquilo que lhe falta. Da mesma forma, e ainda estamos aprendendo isso, o parceiro do lado pode ceder o que lhe sobra para completar o que não temos, fazendo com que possamos buscar um equilíbrio colaborativo que chamamos de amizade.
O percurso da vida é feito de encontros com trilha sonora e cenário bonito. Essa troca de energias é tão incrível que dispensa luxo ou dinheiro. O diamante que lapidamos mora dentro da gente e se torna uma fonte de luz na medida que aprendemos a amá-lo, cuidá-lo e agradecê-lo por ser profundamente nosso do jeitinho que é.
Das mazelas da vida, e elas nos calam tantas e tantas vezes, devemos levar apenas o que é sabedoria. O resto todo: esvazia. Joga na lata do lixo, pois é lá que as tristezas devem ficar.
Agora me conta com quem você divide seus compartimentos, de quem recebe os melhores sentimentos? A minha árvore tem uma raiz forte e capaz de permanecer em pé mesmo que um tornado prometa findar o mundo. Não só porque busco construir meus troncos num negócio indispensável chamado aprendizagem, mas porque estou interligada com outras raízes tão fortes quanto a minha.
Nossas raízes se uniram no momento em que decidimos seguir juntos, apesar dos pesares. E se você estiver perdendo forças, meu amigo, fique tranquilo que te puxo para o centro. Afinal de contas, escolhi você para crescer comigo. Minha raiz sem a tua seria vazia, sem luz, sem alegria. É assim que a vida acontece após o primeiro choro e é só isso que levamos depois do último. Só desse jeito podemos dar os frutos mais vivos. É assim que a nossa estrutura balança, mas não cai.
Ninguém pode ser árvore sozinho. Bom mesmo é ser floresta.
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