Por Isabela Nicastro / Sem Travas na Língua
Eu nunca me conformei com um não. Desde criança, o “não” era a resposta que mais me deixava triste e indignada. E aí vocês podem pensar que eu era uma menina mimada, que queria sempre que minhas vontades prevalecessem. No entanto, o motivo de eu odiar essa palavra monossilábica não era apenas pelo fato de não poder fazer o que eu queria, mas sim, porque, ao receber um não, ele raramente vinha acompanhado de uma justificativa plausível.
Independente das perguntas, a resposta era sempre não, acompanhada de um “porque não”. A justificativa para as negativas era uma nova negação, repleta de incerteza e insignificância. Afinal, “porque não” é resposta? Para mim, nunca foi. E eu tentava de todas as maneiras descobrir a real justificativa por trás dessa resposta automática. Ninguém pode justificar qualquer sentimento que seja, com um “porque não” ou um “porque sim”.
Há sempre outras respostas envolvidas. A questão é: como descobri-las? Nem sempre é possível convencer o outro a ser sincero. Eu até podia convencer a minha mãe a dizer o real motivo de eu não poder ir a um show, por exemplo. Afinal, no fundo, ela se importava com a minha reação após um “porque não” injustificado. No entanto, nem todas as pessoas são como a minha mãe, infelizmente. Algumas realmente não se importam se você precisa de justificativas. É triste, mas você não consegue obrigar ninguém a te dar respostas convincentes, seja elas quais forem.
As pessoas simplesmente dizem não e basta. Na maioria das vezes, nem dizem. Deixam subtendido e você é obrigado a entender. Geram um cenário de dúvida e incerteza, o que causa ainda mais indignação. Se é não, diga. Deixe claro e elimine qualquer dúvida que possa existir sobre a sua decisão. Depois de dito, justifique. É o mínimo que você pode fazer a outra pessoa. Se você é daquele que não sabe bem o porquê do não, deixe claro isso também. Ninguém é obrigado a saber sempre porque age de um jeito ou de outro. Muitas ações são injustificáveis, no entanto, todas merecem atenção.
Seja coerente com o não que você dá. Não restrinja uma palavra repleta de significado a um simples “porque não”. A vida nos dá constantes nãos e, na maioria das vezes, sem ao menos justificá-los. Por isso, minimize o poder deles: justifique-os. Já que ninguém gosta da negação, quando for negar, assuma. Respeite o outro e aja da mesma forma que gostaria que agissem com você. É a premissa básica. Já dizia minha mãe, ao justificar, cuidadosamente, cada não me oferecido na infância…
Fonte indicada: Sem Travas na Língua
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