Nick Hornby, em Alta Fidelidade, fala sobre a importância da música pop na vida das pessoas. Ele reclama que ninguém se dá conta do poder que a música tem na existência de qualquer cidadão, de qualquer país ou faixa etária. Que reclamam sempre de videogames, filmes e até de séries de TV violentas. Mas não se dão conta de como uma canção pode afetar alguém.
O escritor inglês, autor de roteiros de sucesso em Hollywood – vide o sensível Brooklin, que concorreu a diversos prêmios da academia, ano passado – pontua em cada linha de seu icônico livro, também adaptado pro cinema (tendo John Cusack no papel principal), seu costumeiro olhar para aspectos da cultura pop em diversas oportunidades.
Já escreveu sobre música, sobre relacionamentos, sobre o futebol – no também ótimo Febre de Bola – sempre de um jeito muito peculiar. Até quando fala sobre o universo tipicamente feminino, ele nunca demonstra sexismo ou machismo. Seu olhar é generoso, às vezes tímido, em muitos casos empático, mesmo nas situações dolorosas.
Ao ler seus livros, se vê que é possível observar a beleza das coisas comuns. É usual na literatura, se ater a temas grandiosos, heroicos, mas há muita beleza no dia a dia também. A lembrança de Hornby foi despertada quando passou na TV uma reportagem sobre a loteria ter acumulado outra vez.
Muitas pessoas foram entrevistadas e disseram o que poderiam fazer caso clicassem em www.quina.org/resultados-quina e apostassem nos números sorteados. Todo mundo sonha em mudar de vida, claro que se atentam apenas às coisas boas que uma quantia fabulosa poderia trazer para suas vidas comuns.
Imagine que belo romance ou filme não sairia com um tema tão comum à vida de todo mundo, mas ao mesmo tempo tão idealizado. Ainda falta alguém como Hornby escrever sobre este assunto. Acredito que ele possa ser a pessoa ideal para falar sobre isso. Acho até que alguma loteria poderia financiar este projeto. O número de apostadores iria aumentar ainda mais.
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