Sou fã do abraço. Dessas que senta na primeira fileira ao aguardo de um. Ou que reclama caso não receba, ou quando recebe um mal dado.

Sempre soube que vidas nascem em abraços, assim como morrem. É o que vem no encontro e o que vai na despedida. Sem dúvida alguma, eu nasci para o abraço.

Aprendi que ele possui inúmeras facetas e o que cada uma significa. Mas sempre soube, de longe, quando o abraço perde sua personalidade e torna-se apenas um tapinha nas costas.

Digo que abraço não é para qualquer um. Há quem saiba receber e há quem saiba entregar. Existem os mestres. Esses dominam as arte de abraçar e receber abraços. Algo muitíssimo raro hoje em dia, diga-se de passagem.

Para que não ache que o abraço é apenas a troca de apertos, ou o encontro de dois corpos, preciso dizer-lhe que há pouco fui salva por um. E que com certeza, depois disso, eu nunca mais duvidarei do poder de um bom e velho abraço.

Era um dos dias em que a depressão ousou domar meu dia. Como se fosse hoje, ainda sinto aquele que penso ser o melhor abraço da minha vida.

Estava deitada no chão do meu quarto. Aquele com certeza foi o pior dia que tenho lembrança. Após duas horas seguidas de choro, entreguei-me por completo. A ideia era que a vida desistisse de mim assim, como eu estava desistindo dela naquele momento. Então, em meio as lágrimas, ouvi uma voz, a mesma que descrevi no último texto. Ela dizia, levante-se.

Naquele dia dormi ainda chorando, na manhã seguinte com os olhos inchados e com o coração aos pedaços disse a um amigo o que havia acontecido. Horas depois ele foi ao meu encontro. Me puxou pelos braços, me abraçou e disse: Eu sou muito egoísta para te perder.

Passamos alguns minutos naquele abraço, e eu sentia fisicamente toda a minha dor ficando ali, na entrega de nós dois. Aquele abraço salvou a minha vida.

Ainda tiveram muitos outros abraços. Alguns tão intensos quanto. Outros com gosto amargo e outros tão doces que ainda sinto o gosto em mim.

Aprendi nesses vinte e cinco anos que a vida reside em um abraço. É à prova de balas e desamor. É fruto da eternidade, amigo do afeto, parente da felicidade, sócio do amor. O abraço é e continuará sendo o remédio para todas as dores.

Ainda que o mundo pareça desabar, concentre-se em uma coisa: abraçar e sentir o abraço.

Bárbara Fernandes

Sempre escrevi em diários, e guardava-os todos para mim. Até descobrir que existiam mais pessoas que precisavam ler. Então, aqui estamos!

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Bárbara Fernandes

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