Cheguei, meu amor. Olha a avenida, é carnaval em pleno mês de maio. Olha, amor, minha saia rodopiando feito pião no baião que você me conduziu. No outono as coisas são poéticas demais, são delicadas e caem no primeiro rebolado do vento. Rebola chuchu, rebola chuchu, rebola senão eu caio. Eu que não gosto de chuchu, nem de mocotó, já fiz do levanta e cai um estilo de dança. É meu frevo, amor. Olha só, você bem que podia parar de bagunçar meus tapetes. Mesmo aqueles que nem existem mais. É que eu tenho mania de organização. T.O.C. Toc-toc-toc! Quem é?
Na primavera quis ser monja, no verão quis ser sua. Perdi as contas, porque eu me confundo toda em ano bissexto. Diz lá no calendário que serão 366 dias que eu reinventei seus dias. 12 meses que você interrompeu a minha programação. Não é uma conta tão redonda de se fechar, moço, é que de redonda eu só tenho a bunda. Eu também acabei de chegar e não estou com pressa de fechar nada. Só a porta. Feche a porta, meu amor.
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