Por Josie Conti
Ah, o apego…Apegamo-nos a ideias, escolhas, status e projetos de vida que fizemos há décadas sem perceber que aquele que um dia fez essa escolha já não é a mesma pessoa.
Um mundo de opostos nos circunda e aguarda ansiosamente para ser visto e descoberto. Liberdade é poder escolher… e não sentir culpa por isso (ou lidar com ela, que seja!). Afinal, antes de provarmos ou conferirmos que há vida além desse nosso mundo, é nessa terrinha mesmo que ficaremos fadados a viver e construir nossos caminhos.
Exemplos não faltam de como mudanças, mesmo que radicais, podem ser necessárias e benéficas. Trocarmos de cidade é uma experiência ímpar na formação de qualquer pessoa, mudar de emprego ou terminar um relacionamento ruim são só alguns exemplos.
Tudo muda se permitirmos e trabalharmos para que a mudança aconteça.
Morei em algumas cidades: Itatiba, Campinas, Campo Mourão e Curitiba. Hoje estou de volta a Socorro, onde está minha família, mas amanhã poderei estar em outro lugar vivendo como nômade digital. O que me impediria, afinal, se preciso apenas da internet para trabalhar?
Fiz faculdade, pós-graduações e tudo o que se possa imaginar na área de Psicologia e Saúde do Trabalhador. Amava o que fazia e até acho que era boa naquilo. Um dos dias mais felizes da minha vida foi quando ingressei no serviço público (que clichê, né!). Pois acontece que exatos 6 anos depois, um dos outros dias mais felizes da minha listinha de grandes momentos foi quando pedi exoneração depois de conhecer a realidade da burocracia, interesses, jogos políticos, falta de reconhecimento e baixos salários.
Mudei de profissão, abri empresa, quebrei o paradigma de uma vida inteira. Antes, quando eu dizia que era psicóloga, havia um certo status e respeito em relação à minha escolha profissional – o que eu achava um pouco engraçado, confesso. Hoje, entretanto, quando digo que sou blogueira e trabalho com sites e outras mídias sociais, percebo caras curiosas que avaliam, por uma fração de segundo, se eu estou bem na vida ou se sou apenas “ferrada e mal paga”…. Quer saber? E daí? Estou muito mais feliz, ganho mais, viajo mais, dou emprego, trabalho segundo minhas regras e organização pessoal. De que importa se alguém acha que eu estou falida?
Mais um exemplo…
O dia em que tirei meu CRP foi um momento de orgulho, afinal, eu era alguma coisa, do ponto de vista do papel social, político e econômico; ser psicóloga me emprestava uma identidade (que a pouca idade não permitia ser completa). Depois de mais de 10 anos de profissão, cancelei o meu CRP e me enchi de orgulho da minha coragem. Não digo isso porque desvalorizo a profissão que acho nobre e transformadora, mas porque poder optar por não usar mais uma identidade, trabalhar em uma determinada área e seguir um novo caminho, para mim, foi mais uma grande e linda vitória. Eu não trabalhava mais diretamente com psicologia. Por que eu precisaria do título ou do registro? Cancelei sorrindo!
Existe uma maldição atrelada a nossas escolhas, aos lugares onde investimos dinheiro, tempo e afeto. É como se mudar fosse uma ofensa, um fracasso, um desserviço social.
O mesmo acontece quando a pessoa se separa, termina um relacionamento que trazia sofrimento, e tem queda na renda. Pensem, quanto mais feliz uma pessoa pode ser se abrir mão de alguns benefícios, mas tiver a sua estima e liberdade de volta? O contrário dessa escolha é apego. Permanecer com o que faz mal é validar uma dependência que vai muito além das desculpas usadas (dinheiro, filhos, 20 anos de relação). É um apego com a desgraça, com o sofrimento, com o que está velho e deteriorado em sua essência. Afinal, a pessoa pode ter vivido uma bela relação por muitos anos, mas, se hoje a beleza acabou, por que ficar? O resumo da história é só um, depois que conseguimos nos libertar da relação ruim (mesmo que seja na base da negação inicial, revolta e muito choro), vemos o quanto foi melhor.
Ruim é quando a pessoa não escolhe nada e quer tudo. Quer a esposa e a amante, quer ser psicanalista e jogar tarô, tem 50 anos e faz 50 plásticas porque quer rosto e corpinho de 25.
A mudança liberta, o sofrimento ensina, mas as nossas escolhas nos engrandecem.
E no final do dia, após toda a rotina que tivemos, deitamos nossas cabeças no travesseiro e somos nós mesmos. A questão é o que poderemos responder acerca de algumas questões como: Somos aquilo que queremos ser? Estamos trabalhando para sê-lo? Ou somos apenas o trapo, as migalhas do que deixamos que os outros fizessem de nossos sonhos, por não termos coragem de viver algo diferente?
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Querida!!!!!
Eu virei tua fã, pessoas como vc fazem a vida ser colorida, ser saborosa, fazer sentido de fato, eu como leitora deste site só tenho a agradecer por vc compartilhar suas histórias conosco, afinal precisamos de exemplos assim: que nos liberte de certo valores que nos são empurrados goela à baixo, com certeza eu adoraria poder conhecer pessoas assim: amáveis que nos fazem levitar com tanto grandeza de seu verdadeiro ser.
Um abraço!
Encantada ?
Adorei o texto!!! Belas palavras... e tudo verdadeiro!
Me sinto exatamente assim... e sem culpa!!! RS
Eu queria te dizer que fiquei muito feliz em ler seu relato, nossa o que mais me surpreendeu foi que você morou em Campo Mourão, eu passei minha infância toda lá, ainda tenho familiares morando lá. Me identifiqueicom você! Beijo grande ??
Muito bom...A coisa fica mais interessante quando existem notáveis aspectos relacionados com o teu estado actual. Muito bom e meus parabéns
Melhor texto que ja li!!!!