Por Isabela Nicastro / Sem Travas na Língua

Há algumas semanas, uma prima terminou um noivado. A relação foi esfriando, os dois foram se distanciando e, de uma hora para outra, planos de casamento e de filhos foram abortados. Assim como aconteceu com ela, já aconteceu comigo algo parecido. Provavelmente, também aconteceu com você. Ou com uma amiga, uma prima, uma conhecida. Acontece com todo mundo, na verdade. Términos de relacionamentos, infelizmente, são comuns. Os interesses mudam e, consequentemente, os olhares sobre a relação também.

Após um término, por mais que seja você a fazer a escolha, é inevitável não ficar na bad. Apesar de todos os reais motivos que levaram à separação, há uma história que foi construída a dois. E, diante de qualquer história, é impossível desfazê-la de repente. Os resquícios continuam, as lembranças, o cheiro dele no seu travesseiro e, por muitas vezes, o amor. Ninguém deixa de amar num passe de mágica. Assim como levou um tempo para que a paixão se tornasse amor, levará um tempo para que ele se dissipe completamente.

Términos de relacionamentos não são muito diferentes de términos de livros. Fica aquele vazio, aquele desejo para que a história continue. Além disso, mesmo que o livro seja fechado, a história persiste algum tempo aí dentro de você. Todo o sentimento que aquele romance, conto ou poema lhe causou não desaparece no momento exato em que você fecha o livro. O sentimento continua por algum tempo até tornar-se uma mera lembrança. É preciso vivê-lo para que, então ele possa ir se amenizando naturalmente.

As pessoas insistem em querer te tirar da bad. É compreensível, já que elas te amam e querem te ver bem. No entanto, é preciso viver o luto. Sentir a falta, sofrer com a saudade, para que, aos poucos, a tristeza vá cedendo espaço à tranquilidade e à autoconfiança. Você consegue ser feliz sozinha. Antes dele, você era. Você precisa apenas redescobrir esse sentimento aos poucos. Sem pressão, sem noites de baladas em que você não está afim, mas acaba cedendo pelos amigos, sem “pegação” exagerada só para mostrar que você não está nem aí.

Curta a sua bad em paz. Vivencie o seu momento, ele é uma prova de que o seu relacionamento ocupou um espaço importante na sua vida. Não deixe que a bad tome uma proporção maior do que deveria, no entanto, permita-se ficar triste. Diante de uma sociedade que negligencia sentimentos, escancare os seus. Para você mesma, é claro. Admita que está machucada, deixe sangrar até que, inesperadamente, o livro que se fechou não lhe fará mais tanta falta assim. A história permanecerá nas suas lembranças, mas o enredo não mais lhe machucará.

Sinta a bad, menina. Por incrível que pareça, vai te fazer bem.

Fonte indicada: Sem Travas na Língua

Isabela Nicastro

Capricorniana, 23 anos, jornalista. Apaixonada por mar, cães e cafés da tarde em família. Não dispenso bacon e muito menos uma boa história. Meu coração é intenso e grita mais do que a razão. Tenho o sentimento como guia e a escrita como ferramenta.

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Isabela Nicastro

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