Sou mulher com M maiúsculo e estou cansada de tanto homem que vive no diminutivo.
Não é reclamação só minha. Ouço isso em tons e diálogos diferentes, mas com o mesmo significado.
Tenho muito amigo gay que é muito mais homem que muito cara pagando de macho alpha.
O que falo aqui nada tem a ver com orientação sexual ou masculinidade: tem a ver com educação, respeito, caráter, entrega.
Óbvio que tem homem que presta, mas estão em extinção.
Hoje a regra é a superficialidade.
As desculpas são as mesmas e só mudam de endereço: medo de se envolver, medo de machucar, vida complicada e medo, medo, muito medo.
Mas, óbvio que isso só vem à tona depois de terem conseguido a primeira conquista. Caçam o corpo e mandam um foda-se pra alma.
Nós, mulheres, temos uma capacidade infinita de nos apaixonarmos. Sempre nos recuperamos de uma decepção amorosa e seguimos firmes e fortes. Ainda cuidamos dos filhos, da casa, do trabalho, do cachorro e nunca usamos os nossos problemas como desculpa para não nos envolvermos.
É inacreditável que, nos dias de hoje, mulher bem resolvida, inteligente, bem sucedida e feliz, assuste alguém.
Acredito que relacionamento e estresse são sinônimos no mundo masculino. Por causa de um ou outro fracasso, acham que relacionamento tem que ser complicado, chato e sufocante. Acham que é mais fácil não se envolver do que correr riscos. Esquecem o quanto é bom ter uma mulher de verdade do lado. Esquecem do companheirismo, do carinho, do colo à disposição, do diálogo e da intimidade. Esquecem o quanto é bom sentir o amor plenamente e deleitar-se com ele.
Na vida, os fracassos acontecem sempre. Quando acontece no trabalho, você não vai deixar de procurar emprego porque fracassou, mas vai tentar fazer diferente na próxima vez, vai aprender com os erros e, se a falha não foi tua, simplesmente seguir.
Você precisa do trabalho para sobreviver e por isso vai se adaptando, melhorando e mudando até encontrar algo que seja bom (ou vai viver infeliz e acomodado).
Faço agora a analogia do trabalho com o relacionamento.
Nós precisamos do amor para viver melhor: não dá dinheiro, mas dá coisas que dinheiro nenhum no mundo paga. Falo do amor correspondido, do tipo que acrescenta, que te inspira e torna os dias mais leves.
Sendo assim, por que os homens não fazem com o amor o mesmo que fazem no trabalho?
Será que não fica claro o tamanho da inversão de valores? Por que não tentar evoluir?
Ou por que ficar na infelicidade e comodismo de um relacionamento que não mais satisfaz?
Nada faz sentido.
Mas, mesmo assim, ainda acredito no amor romântico.
E isso tudo que escrevi me lembrou uma frase da Tati Bernardi:
“Eu sei que sou exatamente o que 98% dos homens não gosta ou não sabe gostar (apesar de eles nunca me deixarem em paz).
Eu falo o que penso, abro as portas da minha casa, da minha vida, da minha alma, dos meus medos.
Basta eu ver um sinal de luz recíproca no final do túnel que mando minhas zilhões de luzes e cego todo o mundo. Sou demais. Ninguém entende nada. E eles adoram uma sonsa. Adoram. Mas dane-se. Um dia um louco, direto do planeta dos 2% de homens, vai aparecer.”
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