Por José Lucio dos Santos
A cena é sempre a mesma. Parece que estou preso a um trecho de filme, desses que a gente põe pra assistir antes de dormir, e acaba pegando no sono antes que ele termine, mas já conhece o final. Chegas como quem não quer nada e vais da mesma forma, parece que fazes de propósito, só para atiçar minha angustia.
Como todas as outras vezes, dessa, não foi diferente. Entrou e saiu sem levar nada. Correu as mãos pelas lembranças postas na estante com um sorriso cansado, daqueles que não fazem juras por saberem que não poderão cumpri-las. Destoou mais um pouco o bege das cortinas e me fez quebrar meia dúzia de promessas sobre não te deixar voltar aqui.
Peço que não te demores, que fiques até que a tua indiferença dê sinais que irá se tornar saudade novamente. Pode deixar, eu arrumo a bagunça sozinho, como eu sempre fiz. Recolho os cacos, me recomponho e explico para os meus amigos os olhos marejados e ao meu chefe sobre o baixo rendimento daquela semana, enquanto caminho quilômetros entre a copa e a minha mesa tentando perdoar minhas fraquezas.
Quando sentires minha falta, diga a ela que sumi. Diga que mudei de bairro, de cidade ou de planeta, se preciso for. Que não estou mais a disposição do teu corpo. Sei que às vezes precisamos cometer o mesmo erro mais de uma vez, para nos certificarmos de que eles continuam sendo erros, mas já estou farto de sentir saudade daquilo que gostaria de viver ao teu lado.
Não me isento da culpa que me cabe, pois sei que o inferno também está cheio de boas intenções. E se eu não fosse tão sincero comigo, talvez conseguisse te dizer um não, mesmo querendo avisar ao porteiro que é para liberar a tua entrada. Ando cansado de boicotar a minha razão por medo de esperar que tu mudes de ideia e decidas que eu realmente tenho mais a oferecer do que um bom sexo casual e uma conversa sobre a tua rotina problemática.
Só queria que parasses de bagunçar meu juízo e a minha cama. Que deixasses cicatrizar minhas feridas, de uma vez por todas, e levasse essas vontades tortas que deixou aqui, atravancando a tua saída. Já não tenho mais paciência para as tuas brincadeiras de gente grande, com esse ar estúpido de ego inflado. Peço, encarecidamente, que pares de me mandar mensagens, pois dessa vez, serei obrigado a te mandar à merda.
Fonte indicada: Entre Todas as Coisas
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