O que será que acontece com esses casais que parecem ter um relacionamento sazonal?
Que enfrentam invernos juntos, se amam, se adaptam, se ajudam, e também discordam, discutem, olham de forma tão diferente para o mundo e então, cheios de dúvidas (mesmo com tanto amor envolvido), se afastam.
Aí caminham solitários, desenvolvem novos projetos, se interessam por outras pessoas, pensam em mudar a vida toda e recomeçar do zero, já que tentaram tanto e assim, nesse outro caminho, racionalmente analisando, parece que a vida faz mais sentido.
Mas aí vem um ímpeto interno, um sentimento bem lá no fundo, uma força de reação àquela saída com tudo, e uma vontade imensa de voltar com o ser amado.
Seria covardia? Apego? Retrocesso? Arrependimento? Medo? Dor de cotovelo?
Só sei que aí começa a fase da reconquista, eles esquecem dos dramas, das dores, dos medos, perdoam, acham que tudo o que aconteceu foi muito pequeno. Voltam os bons momentos, as boas lembranças, a vontade do cheiro, a crença de que não tentaram profundamente e de que agora são diferentes, mais fortes, mais felizes, mais verdadeiros. Tudo vai dar certo, tudo floresceu, como é bom voltar para um porto-seguro, para um amor maduro… Como é bom matar as saudades e esquecer do luto.
E vão, até que em alguns meses, ou semanas, ou dias… volta a apatia, a distância, a dúvida, a fraqueza e a vontade de afastamento.
Serão eles almas inquietas? Apaixonados pela vida? Com medo da monotonia? Humanos e corajosos a ponto de deixarem o ser mais amado experimentar outras viagens? A ponto de arriscarem uma zona de conforto, uma beleza, por um crescimento próprio, por uma vontade intrínseca, por um autodescobrimento?
Por não quererem se limitar, se adaptar demais, se podar e carregar um ao outro, se afastam.
E por nunca deixarem de se amar e compartilhar, de aprender e trocar experiências, de se desejarem, se reencontram.
E o que eles podem fazer a não ser se deixarem ser?
Talvez o que parece instável é o mais verdadeiro.
Ou não.
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