Lembro quando nos encontramos pela primeira vez. Nossos olhares conversaram, um idioma só deles e que transcendia um entendimento comum. Aqueles que nos viam já comentavam – era impossível esconder o que ambos sentiam. Nós éramos como nunca antes visto.
A vontade que tínhamos de passar uma eternidade juntos e, ainda assim, pedir ao universo que acrescentasse alguns anos a mais na contagem.
Numa tarde de domingo, nossas famílias compartilharam de conversas antigas, dessas que são marca registrada nesses encontros. Enquanto alguns comiam e riam muito, estávamos na sala. Não lembro ao certo do que falávamos, mas era algo muitíssimo parecido com o silêncio.
Por alguns segundos nos desconhecemos. Nossos olhares não conversaram naquele dia.
Vendo algumas fotos nossas em uma caixinha de presentes, sorri. Era inevitável ver e não sentir o quão doces foram os momentos. Tinha gosto de esperança, paixão e confiança.
Alguns dias correram de nós. As conversas que eram frequentes perderam a quantidade, quiçá a qualidade.
Éramos os mesmos, sem dúvida. Um par apaixonado desde o começo da história. Mas por alguma razão, o amor não nos acompanhou, os olhos aprenderam linguagens diferentes e sentimos o peso dos dias.
Hoje completamos 9 meses de partida. Aqui ou ali, ainda sinto a sua falta. A falta do que sentíamos. Mas não havia nada mais a ser feito. Fomos vítimas de um caso raro. Dessa vez, não fomos nós quem escolheu, mas o universo que escolheu por nós.
Ele não errou. Estamos em sintonia com a vida e claramente melhor do que estávamos, do que já fomos.
Somos a exceção à regra. Enquanto muitos desistiram de tudo por escolha própria, nós simplesmente padecemos pelo tempo que não é controlável. E, embora nos amemos como no primeiro encontro, quis o destino nos colocar em espaços diferentes. Você partiu de mim e eu parti de nós.
Por Bárbara Fernandes, com edição de Guilherme Moreira Jr.
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