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Por favor, não solte a minha mão

A vida é um sopro por sua fragilidade absoluta. Hoje vamos falar de resiliência. Muito mais porque preciso do que porque quero, confesso.

Na escola aprendemos que um material pode ser capaz de suportar grandes impactos, mas devagarzinho consegue se recuperar e voltar a sua forma anterior. Na vida da gente é a mesma coisa. Podemos ser amassados feito latinha de refrigerante e, ainda assim, sorrirmos de novo.

Há momentos em que nos perguntamos qual o sentido daquilo, qual a necessidade daquela situação e as respostas não chegam. Quanto mais questionamos, mais distante elas ficam. Cheguei à conclusão de que querer saber o motivo de tudo que acontece é em vão, pois nem todas as equações são feitas de lógica e guerra nenhuma no mundo tem explicação. Sendo assim, algumas coisas acontecem porque tem que acontecer e ponto. E pronto. Se você não colocar esse ponto (e esse pronto), meu amigo, o negócio vai ficar feito.

A mente é a nossa maior possibilidade. Seja para o bom, seja para o ruim. Seja para a sabedoria, seja para a autopunição. Ok, então quer dizer que tenho que aceitar tudo o que me acontece sem reagir? Não, claro que não. A reação você terá obrigatoriamente, pois até as plantas quando arrancadas com crueldade reagem de alguma forma.

Penso que precisamos aprender quais são as opções que temos para essa reação. Se tem que ocorrer, que seja positiva. Ah, claro, estamos na maior m* (ops) e vamos achar tudo bacaninha? Não, é claro que não. Porém, é preciso encontrar uma forma mais positiva de ver as coisas e talvez ela não apareça de imediato, a gente é que deve buscá-la na fé, nos amigos, na família, na meditação, enfim, na nossa fonte de forças. Todo mundo tem a sua.

Pode chorar, pode se descabelar, pode odiar todo mundo, tudo isso faz parte do momento, o problema é persistir nisso e fazer da revolta uma capa protetora que de nada vai te proteger. É tudo ilusão. Amigo, só o amor protege, não tem jeito. A resiliência faz exatamente com que você passe pelas mais adversas situações e saia mais forte desse vendaval.

É evidente que o temporal vai arrancar alguns telhados e jogar estilhaços para todos os lados, pedaços de vidro e madeira que vão cortar o seu coração em fatias sem anestesia. Ninguém aqui é o homem de gelo, certo? Bem que seria bom de vez em quando… Mas, então, voltando ao furacão, seremos sugados tantas e tantas vezes nessa vida que podemos correr o risco de perder as contas. E quem é que quer guardar essas contas?

Deixemos que o tempo faça seu papel e devolva tudo ao seu lugar. Somos adaptáveis, não é mesmo? O ser humano é a criatura que mais se adapta às condições que lhe são impostas, sempre foi assim. E isso não quer dizer que não devemos lutar para sair de um “lugar” em que não queremos estar. Nada disso. Isso é outro papo.

Estamos em processo contínuo de evolução (espero que você concorde comigo). Esse caminho é realmente de oscilação. Passamos momentos absolutamente plenos e felizes, mas também devemos abrir espaço para os que nos tiram o sono, para os que nos rasgam a alma. Abrir espaço para que passem, nunca para que fiquem. Que tarefa difícil!

Perder quem amamos é sempre um exemplo claro disso e talvez o motivo pelo qual escrevo sobre resiliência hoje. Também é uma forma de me lembrar disso, confesso. Se você está “perdendo” alguém ou sofre por uma estrelinha que não está mais aqui, me dê a mão e vamos fazer uma corrente para que possamos ver as coisas de um outro jeito.

Vamos entender que as pessoas e os animais vivem um tempo conosco. A vida é um círculo e círculos giram. Não é o nosso que vai ficar parado, certo? Não solta a minha mão, por favor. Se os seres que amamos precisam partir nos próximos dias, meses ou anos, o que nos resta fazer? Amá-los enquanto aqui estão. Fazê-los sentir nosso coração abraçando-os completamente agradecidos pelo presente de ainda estarmos juntos.

Se você anda triste por alguém que já partiu ou está diante de uma situação próxima a isso (não solte minha mão), tente pensar no círculo que gira sem parar e entenda que você faz parte dele. Se as estrelas sumissem e um apagão acontecesse no céu, como é o que os anjos trabalhariam? Não podemos permitir nosso blecaute.

Todos nós vamos embora um dia e deixaremos saudades. Ore por quem já partiu e ame quem está partindo. Eu sei que não é fácil e que tudo isso que escrevo aqui pode não fazer sentido nenhum para você. Hoje nem mesmo sei se faz para mim. Quem é que veio preparado para isso?

Hoje vim apenas pedir um abraço apertado, desses que parecem não acabar nunca. Um abraço que gruda, que fica, que faz o peito se encher de amor para recomeçar.

Precisamos de resiliência.

Só por hoje… Por favor, não solte a minha mão.

Ju Farias

Não nasci poeta, nasci amor e, por ser assim, virei poeta. Gosto quando alguém se apropria do meu texto como se fosse seu. É como se um pedaço que é meu por direito coubesse perfeitamente no outro. Divido e compartilho sem economia. Eu só quero saber o que realmente importa: toquei alguém? É isso que eu vim fazer no mundo.

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