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Os fortes sabem que é indispensável fracassar

Quando as coisas que buscamos demoram mais do que planejamos, é preciso calar os pensamentos e aquietar o coração. Algumas vezes (em quase todas) é preciso aceitar que devemos fracassar. Toda luta é, antes de mais nada, um movimento constante para provar a si mesmo o quão capaz você é. Contudo, se você não for capaz de encarar firmemente a sua faculdade de fracassar, jamais poderá compreender o verdadeiro valor do sucesso.

Muitos de nós, quando se aproximam de fracassar, quando começam a perceber que a falha será inevitável, começam a travar uma luta inútil entre os seus sentimentos e a realidade que preferem ignorar. O nome desta fase é ansiedade e ela vem no meio de um turbilhão devastador, que com exata ferocidade assola os sonhos que pareciam tão próximos; arranca das mãos o que parecia tão concreto. Reverberando lágrimas, frustrações, dores emocionais desnecessárias e o padecimento angustiante do sonho perdido. Toda vez que você quiser muito uma coisa, lembre-se: vai chegar um momento de aquietar o coração. Seja para conseguir e desfrutar, seja para aceitar que não foi daquela vez, você vai precisar aquietar o coração.

Aquietar o coração para deixar a aflição e inquietude da ansiedade escorrerem por entre os vãos do silêncio. Aquietar o coração, porque tudo tem seu momento adequado de se tornar real. E as coisas que queremos possuem apenas dois destinos, realizar-se ou não. Quando se realizam, é porque tinha de ser, é porque fazia parte da nossa história, é porque todos os fatores convergiram para que o resultado fosse aquele. E, quando não se concretizam, é porque a história reservada a nós é para ser melhor, mais bonita e mais completa. A história é outra e vai acontecer. Está por vir e, talvez, nem demore a chegar.

No momento inicial, em que toda a consumição do desejo de alcançar nos domina, não aceitamos a negativa. Queremos porque queremos e fazemos birra feito criança mimada se jogando no meio do supermercado. De quantos problemas não fomos livrados nestas ocasiões? De quantas enrascadas não fomos salvos, simplesmente, porque deu errado aquilo que tanto queríamos.

Entenda: é preciso amadurecer e compreender que este não era o momento de vencer. Sim, é preciso perder! Aceitar que perder faz parte da vida é crescer! É preparar seu intelecto para batalhar melhor da próxima vez, para lutar mais, para se esforçar mais e para obter uma vitória concreta. Aceitar perder é parar de “mimimi”, de birra de criança mimada e arregaçar as mangas, em busca de uma solução. É preciso errar para aprender qual a forma correta de se fazer as coisas.

Não é fácil aprender a perder. Perder é, especialmente, abrir mão, entregar, deixar de dramatizar. Seres humanos são seres de natureza realizadora, que buscam a materialidade de todos os intuitos que vão em seu coração. Aceitar perder nos coloca em uma posição paradoxal e todos os sentimentos se tornam conflituosos neste momento, brigam entre si e nos confundem. De fato, quando os sentimentos brigam entre si por coisas que a vontade não pode concretizar, mas deseja acima de tudo, esta é uma luta perdida. Por isso, é indispensável fracassar, já que devemos aprender que perder não pode nos conduzir ao fim. O fracasso deve, no entanto, nos levar ao começo de uma nova forma, a retomar e reconstruir, a dar um jeito de finalmente conseguir e nos recriar. Portanto, apenas feche os olhos e espere, respire fundo e deixe ir. Espere. Tudo se renova.

Os fortes sabem que o fracasso é que os prepara para as vitórias; os fortes sabem que cada “não” é um aliado real; os fortes sabem que não há esmorecimento capaz de frear os verdadeiros desígnios do coração daquele que nasceu para vencer e se tem uma coisa que os fortes não sabem é como parar. No fim de tudo, os fortes sabem que os obstáculos proporcionam o verdadeiro prazer à trajetória de se conquistar algo.

Rândyna da Cunha

Rândyna da Cunha nasceu em Brasília, Distrito Federal, em 1983. Graduada em Letras e Direito, trabalha como empregada pública e professora. Tem contos publicados em diversas revistas literárias brasileiras, como Philos, Avessa e Subversa. Foi selecionada no IX Concurso Literário de Presidente Prudente. Participou da antologia Folclore Nacional: Contos Regionalistas da Editora Illuminare e das coletâneas literárias Vendetta e Tratado Oculto do Horror, da Andross Editora- http://lattes.cnpq.br/7664662820933367

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