“A medida de amar é amar sem medida”, entoou Gessinger, e, nessa medida que não se mensura, muitas vezes busca-se encontrar uma justificativa para o amor. Acontece que o amor não é um argumento concebido para ser justificado. Basta sê-lo. Quando almejamos detalhes para explicar o emocional no seu mais alto sentido, o próprio se perde nas vaidades e expectativas, antes ignoradas no início deste pulsante sentir.
Para o bem ou para mal, o amor não pode ser encarado como prerrogativa de atos falhos para essa necessidade presente do ser de querer explicar os porquês dos seus gestos e falas. O amor é um estado de consciência sem controle. Mas a ausência de um manual pouco vislumbra caminhos certeiros para dar vazão. Pelo contrário, o amor livre dos preconceitos vividos conduz rumo ao aprendizado. Escutar sem o ímpeto de estar certo. Dizer sem a arrogância de desrespeitar. Transbordar afeto por sentir demais e não por querer de menos. A possessão impregnada do manipular o amor fere, subjuga, corrompe. Injustificável é o amor. Compartilhar todo o sentimento vai além do trivial. O romantismo contido no silêncio, a admiração crescente no pensar e o respeito construído nas diferenças são a chave mestra da relação entre corações corajosos.
Dizer “eu te amo” não torna o amor realidade. Não justifica, de tempos em tempos, adentrar num embate selvagem para defender pontos de vista. Imaginar superações de obstáculos postos por vaidades não legitima o querer bem do outro. É só o coração imaturo fazendo pirraça. Mas tratar o sentimento birrento mais afasta do que aproxima.
O amor, por bem, por todas as coisas ouvidas e lidas durante um tempo de vida, floresce a partir da humildade. Saudável é o amor que repousa devagar e urgentemente numa dança de muitos ritmos. Algumas vezes o tom desafina, mas o soar não chega a ser estridente. Um deslize por esquecer a letra acontece, mas nunca na melodia. O amor não precisa ser justificado. O amor apenas é.
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