Ouça, menina, você vai se apaixonar por alguém. Talvez se apaixone tanto que decida passar o resto da vida ao lado dessa pessoa. Pode ser que isso aconteça de primeira, então poderei dizer que você deu sorte. Não vou mentir: provavelmente suas paixões durarão pouco e você não sairá inteira na maioria das vezes. Sentirá o coração partido, ferido, como se faltasse um pedaço ou não funcionasse mais como deveria funcionar. Então você sentirá medo de se entregar a uma nova paixão. Criará uma espécie de barreira, um escudo para se proteger de pessoas que certamente causarão estrago se entrarem na sua vida.
“Não quero me apaixonar e sofrer como sofri”, você vai dizer. E começará a pensar que todas as pessoas no mundo podem te machucar algum dia, mesmo que sem querer. Desconfiada, sim. Com medo, muito. Não se apaixonar será uma escolha agradável, de baixo risco e com a garantia de que o seu coração continuará inteiro – ou pelo menos o que sobrou dele depois das primeiras experiências. Quem não se entrega a novas paixões acaba se isolando aos poucos, pois escolher se afastar já é, de certa forma, tomar uma posição no mundo. E isso também pode lhe causar sofrimento.
Depois de algum tempo você perceberá que estar apaixonada não é necessariamente ruim, mesmo quando não há correspondência, e que a solidão pode ser ainda pior. Que nem todas as pessoas que entram na nossa vida saem deixando saldo negativo, algumas aparecem para multiplicar a nossa felicidade e compartilhar grandes momentos.
Não tenha medo de se apaixonar verdadeiramente por alguém, mesmo que o seu histórico de paixões não seja dos melhores. Tranque o passado em uma caixinha e só olhe para ele para aprender em que momento você errou, não para te deixar sem movimento, presa a essas memórias ruins. Escute o seu coração e deixe que ele faça suas próprias escolhas.
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