Não é de hoje que eu queria poder dizer a saudade esculpida pela sua ausência. Nem mesmo foi de uma hora pra outra, onde, contra todas as possibilidades, o desencontro acenou para nós. Mas são coisas que acontecem até com os mais dispostos. Distribuir culpas não vai ajudar. Sentir demais por aquilo que poderia ter sido, muito menos. No início até pensei ser uma piada de mau gosto escrita por algum romancista ansioso e frustrado pelos desígnios do amor. Cheguei, na noite mais melancólica da falta que você fez, imaginar ter sido a consequência de alguém incapaz de produzir afeto. Errei em ambos os pensamentos, é verdade. Porque ninguém consegue planejar tão longe, como um coração irá se comportar diante de outros abraços. Essa condição de querermos encontrar explicações fáceis para os sentimentos mais íntimos, nem sempre resulta em respostas práticas. Preto no branco é uma expressão tardia quando tratamos de desconstruir o amor.
Por muitas vezes, vivi a plenitude dos meus anseios. E se isso não é contar com um pouco de sorte, certamente não sei o que é. Entre alguns vícios e músicas diversas, encontrei um pouco de conforto. Enxerguei, finalmente, a sensação de tranquilidade que antes não poderia ser vislumbrada. Eram muitas lágrimas, desejos egoístas e pensamentos caóticos nublando os sentidos, sabe? Todos já passamos por situações semelhantes. Daquelas onde a única certeza é o medo da perda. E o medo de perder é uma voadora no amor. Ele não merece. Você não merece. Eu não mereço. Poder reconhecer a liberdade da escolha, do afeto que escolhe ficar ou partir é, sem dúvida alguma, a parte fundamental do carinho e do respeito ao outro. Sem isso, somos caminhantes emocionais e prejudiciais em convívio. Precisamos de uma boa dose de sanidade para despejar loucuras de amor.
Sinceramente, agradeço por tantos desencontros. Dos vividos no ontem e hoje. Acredito que sem eles, metade de mim seria uma lacuna passiva. E dessa inércia, desse vazio existencial, como poderia continuar almejando o novo? Interruptores de amor são ideias irreais de controle. Ninguém pode ser casca e querer abraços. Mas como expliquei, o peito acalma conforme nos conheçamos um pouco mais. Sem travas. Sem mágoas. Sem desespero. Quis o destino nos sorrir para depois dar tchau. Mas não se preocupe, a gente se esbarra num canto da vida.
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