Por Isabela Nicastro / Sem Travas na Língua
Ando cansada de estar só. De não ter uma companhia para ficar o dia todo de pijama no feriado. De não ter que colocar mais um pão na torradeira no café da manhã. De não poder partilhar o que aconteceu no meu dia, mesmo que não tenha acontecido nada muito interessante. Cansada de encarar a solidão, mesmo gostando muito da minha própria companhia.
É que, às vezes, cansa carregar tudo sozinha, sabe. Apesar de dar conta, tem dias que é difícil encarar a vida sem ter quem te espere ao final do dia. Sem alguém para te ajudar a carregar as sacolas pesadas do supermercado. Não só o peso das compras, mas também a carga pesada do dia a dia. As alegrias, as tristezas, os ressentimentos. Tudo fica mais ameno quando se tem alguém para dividir.
A questão é que é difícil assumir isso. Ninguém quer assumir a própria carência, afinal ela é sinal de fraqueza. Mais do que isso, aceitar que está carente parece ser falta de amor próprio. Você precisa de alguém porque não está feliz sozinha. Logo, se estiver feliz sozinha, não irá precisar de outra pessoa. Mas olha só, eu posso me amar e estar bem sozinha e, ainda assim, posso querer amar outro alguém. Posso cansar da solidão, mesmo estando em paz com ela. Posso querer alguém para somar à minha felicidade e isso, de forma alguma, deveria ser um erro.
Eu prefiro assumir de vez que quero alguém para me acompanhar na caminhada, pois ando cansada de estar só. Cansada também daqueles que me acompanham em alguns trechos, mas não concluem o trajeto. Quero não só companhia, mas, sobretudo, parceria. Quero alguém que esteja feliz sozinho para que então, dois felizes sozinhos se tornem dois felizes juntinhos. Quero companhia para a minha solidão e não há desmerecimento algum nisso.
A gente precisa parar de acusar a carência. De condenar o desejo em ter alguém ao lado, só para parecer desapegado, descolado, cool. No fundo, eu não sou um extraterrestre pelo simples fato de estar cansada da solidão. Você também não é. Afinal, como diz a maravilhosa Jout Jout, tá todo mundo mal mesmo. Tá todo mundo na mesma, mas poucos são os que assumem.
E aí, diante de negar ou aceitar esse sentimento, eu prefiro escancará-lo de vez. Não sairei em busca de amores forçados, já que acredito que a saída não é procurar, como disse nesse texto. No entanto, mantenho o coração aberto para que novas companhias me auxiliem no trajeto.
E que elas não demorem a chegar. Meu coração tem pressa.
Fonte indicada: Sem Travas na Língua
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Perfect! parabéns!
Gostei... mas talvez querer alguém não seja pra todo mundo, tem gente que não tá pronto, tem gente que pouco conhece a si próprio q dirá estar feliz sozinho...
Adorei o seu texto. Eu me sinto assim, igualzinha a vc descreveu. Vivo com um companheiro que não me vê, a gente não se comunica , só discute. E temos nossa filha de quase 3 anos no meio disto tudo. Já não lembro mais quando me perdi, ou até se me encontrei alguma vez... Mas, me fez bem saber que não estou só neste sentimento.