Ela não ama mais como antigamente, com o brilho do romantismo ofuscando a submissão, mas ela também não ama ainda de um jeito novo, está numa fase de transição.
Ela ama pessoas acima de intenções, vê sem o filtro dos deuses, abriu a caixa de pandora, liberou os pecados e percebeu que nenhum ser humano é herói ou vilão.
Ela vive na passagem, desfez os nós das posses e ainda acredita no brilho dos olhares.
Não sonha mais com pessoas, não acredita na salvação por outras mãos, sonha com um mundo mais consciente. Quer ser respeitada em suas escolhas, inclusive na de ser solta e espontânea num país que não escuta e respeita o jeito de ser de uma versão pós moderna de mulher, pós uma era, pós conceitos que já não vingam no peito dela.
Ela é uma mulher de tantos ‘nãos’ porque aprendeu a dizer ‘sim’ para si mesma. Mulher de lutas, mesmo silenciosas, conta com as próprias mãos e tantas vezes caminha sozinha por não encontrar parceiros de desideologia.
Ela é uma ave de rapina em terras de rinocerontes, traz notícias de outros mundos em suas asas, espalha suas visões do além nos olhares acostumados.
Ela cansa, mas segue sendo presa das próprias experiências. Se usa para entender um mundo sem entendimentos, segue nua, despida de mitos em terras de zumbis agarrados à valores cegos. Acha que o mundo está intoxicado de excesso de sentidos, flerta com a possibilidade de viver sem eles.
Ela é uma criança desarmada sobrevivendo e perambulando num campo de guerras. Distribui gotas de simplicidade nos olhares viciados.
Ela é uma mulher do século XXI, ainda humana, descrente, sobrevivente, desmistificando-se mas ainda despertando mitos nos olhares, paciente com o caos de um mundo que ainda não aceitou a própria morte e justo por isso ainda não renasceu.
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