É um sopro para esfriar um dia quente, um arrepio na nuca que chega de repente. É um abraço que acalenta. É afago que esquenta. Um pedaço de uma música bonita, dessas que chegam como poesia, e marcam, e embarcam, e grudam na cabeça. De um jeito que não se esqueça. É único, puro, perfeito. É um bom dia logo cedo, antes mesmo que o sol apareça.

É um beijo desejado, molhado. É fogo que queima o corpo inteiro, um suspiro em segredo. É um sorriso no meio da rua, sem medo. É a pele na pele nua e crua. É o cheiro do suor de uma noite em claro num desses encontros raros. É o barulho do motor do carro que deixa o coração disparado. Que estaciona profundo, lá dentro do peito. É o amanhecer sem abrir os olhos. É o pulsar dos poros. É simples como a casa no campo, é a cerca de madeira, é o cavalo branco. Tipo um romance na França, desses livros que se lê aos domingos enquanto a cidade dança.

É simples feito bolacha Maria. É saudade que causa agonia. É o abraço que alivia. É o toque do mar no dedão do pé. É você vestido de branco. É teu colo na hora do pânico. É o que você representa quando tenta, me tenta, orienta, movimenta e sacia. É minha ex parte vazia que vibra inteira. É a origem de tudo, meu encontro mais profundo. De amor.

É a fé que não me falta. É a batida na porta. É a primeira fatia da torta. Eu e você, pedaços inteiros de uma orquestra que toca sem pressa. É a luz do sol que entra pela fresta. É minha melhor aresta tridimensional. É rock, é pagode, é sertanejo. É o molhado do beijo. É dança, é festa, é show. É palco, é luz, é sabor.

É alegria que agrega, tristeza que divide. É o fim do mundo seguro. É quebrar a ponte, derrubar o muro. É liberdade. É quando a gente caminha junto, é o jeito que te seguro, é perder o rumo, meu bem, e, ainda assim, ir além da linha reta. É vida que pulsa. É casamento na Rússia. É fogo. É carvão. É ombro com ombro. É carinho na mão. É sonho realizado. É trânsito parado para um beijo demorado.

É mensagem surpresa. É você de sobremesa. É amor na ponta da mesa. É navegar sem mar. É ninar, é mimar, é soprar o vento que tira o cisco do olho. É mistura, é rima, é rolo. É sopa de inverno. É sorvete no frio. É picolé. É tudo o que já foi. É tudo o que virá. É tudo o que é.

É.

Ju Farias

Não nasci poeta, nasci amor e, por ser assim, virei poeta. Gosto quando alguém se apropria do meu texto como se fosse seu. É como se um pedaço que é meu por direito coubesse perfeitamente no outro. Divido e compartilho sem economia. Eu só quero saber o que realmente importa: toquei alguém? É isso que eu vim fazer no mundo.

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Ju Farias

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