Desde nova me apego a tudo aquilo que me faz bem. Das coisas às pessoas. E, ao perdê-las, o sofrimento sempre se fez presente. Ao crescer, as situações não mudaram muito, a única diferença é que fui me dando conta que eu precisava fazer algo para mudar tamanho apego.
E foi aí que eu tive que aprender a dizer adeus. É um aprendizado constante e, para mim, não muito fácil. Confesso que com os objetos a tentativa de fazer do desapego um hábito fluiu e flui mais tranquilamente. Aprendi que alguns têm prazo de validade, outros não vão servir mais em mim e outros não terão mais utilidade, é preciso se desfazer mesmo.
Mas, e quanto às pessoas? Às lembranças? Aos sentimentos? O aprendizado é árduo, não vou mentir. Não é fácil dizer adeus a quem se gosta ou ama.
Construimos e nutrimos sentimentos por alguém, mas não é recíproco, aí é que gente precisa dizer adeus. Amamos alguém e esse alguém vem a falecer, e aí a gente precisa dizer adeus novamente. Nos entregamos a uma pessoa e, por motivos que não entra em discussão nesse texto, ela resolve sair da nossa vida, e, mais uma vez, a gente também precisa dizer adeus. São tantas e tão doloras as vezes que nós precisamos dessas despedidas. Dizer adeus é desapegar. É deixar ir o que não quer ou não pode ficar aqui, com a gente. É saber que não temos controle e não podemos possuir nada nem ninguém. Ninguém nos pertence e entender isso é tão doloroso quanto libertador.
É preciso um treino diário para ter a leveza da árdua missão de saber dizer adeus. Não irei mentir, para mim isso ainda não é tão fácil. Encontrar pessoas pelo caminho, criar vínculos e depois de um tempo ter que me depedir delas e seguir o caminho sozinha, não é tão simples. Mas são situações dessa loucura chamada vida que nós simplesmente não podemos mudar. Eu só espero que os “adeus” demorem a chegar e quando chegarem que eu tenha a capacidade espiritual, mental e psicológica de dar tchau sem dores tão longas e intensas, sabendo que existem coisas nessa vida que realmente não podemos mudar. (In) felizmente.
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