Sempre pensei que o amor fosse uma espécie de jogo, desses em que raramente sai um vencedor. Jogo de azar. Para dizer a verdade, em todas as vezes que tentei, acabei perdendo, como se os meus dados estivessem viciados ou não tivesse a mesma habilidade de outros jogadores. “Será que não acertarei nunca?”, pensei, desesperado. Sabe quando você aposta todas as suas fichas em alguém, cria expectativas, sente que dessa vez, só dessa vez, o resultado será positivo e, no último instante, as coisas começam a desandar? Era exatamente assim que eu me sentia quando ainda apostava no amor. Então descobri que amor não é jogo e sim privilégio. Desde então nunca perdi, nem ganhei, apenas senti o amor em sua plenitude.
Não há possibilidade de sucesso quando tratamos o amor como um jogo entre apostadores, acreditando que sentimentos são prêmios a serem distribuídos entre os que marcarem mais pontos. Quando conquistamos o coração de alguém não significa que vencemos uma disputa. Ganhar o amor de uma pessoa é privilégio. Só percebemos isso quando paramos de jogar e começamos a nos valorizar e a valorizar as pessoas que desejamos que fiquem do nosso lado. Quando as pessoas ficam preocupadas demais com o resultado, investindo em estratégias e artimanhas, acabam se esquecendo de aproveitar os momentos bons que a vida oferece.
Quando estamos falando de amor nunca se trata de ganhar ou perder: pare de jogar! Aceite que amor é uma espécie de privilégio, então não insista em tentar vencer. Se fizer isso, estará perdendo seu tempo. Depois de parar de apostar percebi que não existem dados viciados ou pessoas mais habilidosas para lidar com o amor. Só então, numa tarde de inverso, caminhando por uma dessas esquinas, esbarrei naquela que seria a mulher da minha vida por um longo tempo. Talvez você não acredite em amor a primeira vista, mas aconteceu. E se eu ainda estivesse apostando? Acredito que ela passaria por mim e eu não seria capaz de percebê-la.
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