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Por que nos apaixonamos?

Por Luana Peres – via Obvious

Qual a razão de uma paixão? Por que nos apaixonamos por esta e não por aquela pessoa? O que move o desejo de estar com o outro? O que fundamenta? O que explica? Quando somos rejeitados e, por vezes, “trocados” por outra pessoa, a primeira coisa que fazemos é o balanço entre nós e o objeto da paixão daquele que desejamos.

Pensamos nas diferenças grandiosas e nos meros e sutis detalhes. Colocamos na balança: o gosto musical, a bagagem literária, a idade, o saldo bancário, a influência social, a localização que se encontra, a (possível) performance sexual, a medida da calça, o brilho do cabelo, a simetria dos dentes, a combinação dos signos e a influência das religiões, crenças, ideologias políticas e astros.

Pensamos nos amigos, objetivos e gostos comuns, nas afinidades, nas facilidades, nas possíveis e certeiras possibilidades. Analisamos tudo! Não deixamos escapar nada. Passado, presente e futuro é, sofridamente, esmiuçado em busca do porquê. A razão pela qual se apaixonou, a razão pela qual ele não se apaixonou e, sabendo que ele não é incapaz de amar, a razão pela qual se apaixonou por outra e não por você.

Não é fácil aceitar que a reciprocidade falhou e que toda a sua energia foi rejeitada. Dói pensar que alguém fez florescer no campo que você insistia em regar com o que tinha de melhor. A gente se culpa, culpa o outro, culpa a outra, culpa o universo, culpa os deuses, culpa a sorte.

Afinal de contas, o que move a paixão? Por que desejamos e nos entregamos a pensamentos malucos por essa pessoa (que é redondamente improvável), e não conseguimos dar um passo adiante com aquela que se encaixa perfeitamente no modelo ideal que tanto buscamos nas redes, nas ruas, nos bares e nos sonhos? Não há explicação.

Pode ter sido a fragilidade ou a força. O sorriso tímido ou a gargalhada escandalosa. O cabelo alinhado ou os fios desgrenhados. A forma sensual que dança ou a maneira desajeitada que tenta. A pressa ou a calma. O olhar que se demora no flerte ou o olhar acanhado que não sustenta o contato. Repito (e faço isso muitas vezes até que possa me convencer) que não há explicação para a questão.

Pode ser a maneira como toca ou o suspiro que dá quando é tocado. Talvez a forma como acende o cigarro. O sorriso que dá quando fica sem graça. Pode ser o entusiasmo quando fala do seu trabalho ou a serenidade que tem pra conduzir a conversa, a vida. Pode ser aquela pinta, aquela cicatriz, aquela tatuagem. Pode ser o nariz, as costas, as rugas, as marcas. Pode ser as afinidades. As diferenças. A distância. A proximidade. Pode ser o desejo consciente do querer e ao mesmo tempo pode ser a tentativa insana de se afastar.

O encontro de duas almas, que se encantam por infinitas possibilidades e nenhuma razão, chamo de eclipse: acontecimento raro, mágico e preciso.

Por que nos apaixonamos? Penso que há mil explicações e nenhuma razão.

A Soma de Todos Afetos

Blog oficial da escritora Fabíola Simões que, em 2015, publicou seu primeiro livro: "A Soma de todos Afetos".

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