Aos que se convenceram do quanto o trabalho honesto, o respeito, a tolerância e a gentileza vão melhorar este mundo aos poucos, a partir das ações de cada um.
A quem percebeu que ser “bom” é bem diferente de ser “bonzinho”. E que a segunda opção é só mais um disfarce das pessoas ruins.
Aos que aproveitam toda angústia para aprender sobre si mesmos e os outros. Aos que encaram a aflição com firmeza como quem diz “não, eu não quero você aqui e vou trabalhar para isso!”
A quem descobriu que amar liberta e jamais aprisiona. Que cada um tem seu jeito de oferecer e receber amor. E aos que, justamente por isso, não admitem dar o nome de “amor” a qualquer sentimento mesquinho, tacanho e egoísta cujos únicos fins são a posse e o sofrimento.
Aos seres de boa vontade que aprendem com seus erros e trabalham duro para melhorar tanto quanto possam. A quem compreendeu que ser melhor “para o outro” é melhor do que ser “melhor do que os outros”.
Aos que de repente se deram conta de que a vida é um instante precário e fugaz, como um passarinho diferente que aparece em sua janela, e que é preciso ter alguém com quem dividir a visão. Alguém além de você para atestar: “é verdade, um dia um passarinho engraçado parou na janela, mirou sorrateiro as coisas lá dentro e depois foi embora.”
Aos que desconfiam de que viver é uma “ação entre amigos”. E que não tomar parte na vida de alguém ou não deixar que alguém se torne parte da sua é mais ou menos como arrancar da vida sua fatia mais preciosa.
Aos que sofrem e choram, aos que perdem e ganham e compreendem o quanto isso tudo é relativo.
Àqueles que têm o sorriso manchado de amor e de dor, de esperança e saudade.
Aos que ainda acreditam que fazer uma coisa bela, qualquer coisa, um bolo de presente ao casal amigo, uma gentileza inesperada, um elogio sem pretensão, um telefonema de aniversário, qualquer coisa à toa dessas, é o mesmo que construir algo de útil entre tanta inutilidade e aspereza.
A quem valoriza os amigos, a gratidão, os bons modos, a inteligência e as perguntas mais do que qualquer resposta.
A todos esses e, sobretudo, aos que não se encaixarem em nenhuma das alternativas acima, desejo com honestidade um Ano Novo melhor, mas muito melhor do que este, em que sejamos melhores, mas muito melhores do que somos agora.
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