Por Beatriz Rodrigues – via Obvious
Se havia um filme pelo qual eu estava ansiando nos últimos tempos, esse filme era a animação “Divertida Mente” da Pixar. Confesso que sempre fico ansiosa por filmes da Disney, já que de alguma forma eles sempre trazem algum ensinamento, ou algum tipo de moral da história. Porém, “Divertidamente”, em meu ponto de vista, vai além de todas as expectativas. O que parece ser mais uma animação infantil vai além disso, e trás pontos os quais precisamos refletir de vez em quando. E o mais forte deles é a importância que possuem os momentos tristes na nossa vida. Não que você deva ser algum tipo de depressão ambulante, mas é inquestionável que a vida é feita de contrastes. Como apreciar um bom momento se ele fosse comum? Se não existissem os momentos triste da vida?
A personagem tristeza do filme, uma personagem baixinha e azul, é sempre posta de lado pelos outros sentimentos. Ela é colocada sempre a margem de tudo. Afinal, quem quer ser triste? Ninguém, eu suponho. Muito menos a menina Riley de 11 anos. Ela acabou de se mudar de uma pequena cidade para uma cidade grande, deixando os amigos para trás, as coisas que gostava de fazer e sua escola.
De uma maneira divertida e sutil, a animação mostra como um momento bom pode nos causar tristeza com o tempo. A vida vai andando por outros caminhos, e tendo sua mudanças, e o que antes nos fazia rir agora nos faz chorar.
Nós somos um poço de memórias, de lembranças boas e ruins, que agem em conjunto com nossos sentimentos e moldam tudo. Mas o ponto alto do filme é o insight da própria alegria, ao ver que a tristeza era muito importante assim como todos os outros sentimentos. Que é inevitável o sofrimento, e mais do que isso, necessário.
Não se prive de chorar, pois isso não é fraqueza. Já dizia o Mestre dos mestres, felizes os que choram, pois serão consolados. E é verdade. É na tristeza, é na pressão, que sai o melhor de nós, e dos outros também. Tenho certeza que já repararam em como as pessoas se entendem na tristeza, mais ainda do que na alegria. Nos momentos tristes estamos livres de muros, de cercas, estamos desarmados. E é ai que as verdadeiras amizades, os momentos únicos e importantes, surgem.
No fim da história, a alegria vê que é inútil tomar a frente de tudo e por os outros sentimentos à margem. Ela enxerga, assim como devemos enxergar, que nossas memórias são misturas sentimentais. Que nada é monocromático. Que o que a gente viveu pode ter várias cores, e que as coisas alegres às vezes, inevitavelmente, se tornam tristes. Mas que a vida é feita de abraçar essa tristezinha mesmo assim.
Por que afinal, ela é importante. Ela faz parte nós, e nos molda. Ela vem e faz bagunça, nos causa altos e baixos, mas a gente mesmo assim sobrevive. Por que ela não pode ser vista como uma inimiga, apenas como parte nós. E quando tivermos o pleno entendimento de que ela é parte de nós, nos poderemos, assim como Riley, se entregar, chorar um pouco, e então ser feliz novamente. E assim por diante, enquanto a gente viver.
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