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7 coisas que aprendi a desaprender

Por Marcela Picanço – Blog De Repente Dá Certo

Chega uma hora na nossa vida em que é bom rever os conceitos. É importante perceber se aquilo que sempre te falaram, realmente te faz bem. Se sim, é só seguir em frente. Se não, é hora de arrancar as raízes, quebrar os galhos e preparar a terra para novas ideias mais sadias. É um processo difícil, mas a gente chega lá.

Algumas ideias são plantadas em nossas cabeças desde que somos pequenos, como se fossem uma sementinha. Assim nasce uma cultura, um pensamento em larga escala, um comportamento padrão. Por isso, é muito difícil desconstruir uma ideia que foi imposta, depois germinou e virou uma árvore com raízes fortes.

1) Idade

O tempo todo falam sobre idade. Com 30 não dá mais pra fazer isso, com 40 não dá mais pra fazer aquilo, com 20 você é um idiota que não sabe nada da vida, com 25 você é um perdido. Com 18, nem te consideram nada, apesar de você se achar adulto o suficiente. Idade é o que menos importa. Aprendi a não perguntar a idade de ninguém. Não me importa quantos anos as pessoas viveram e sim as experiências que tiveram.

2) Trabalhar com o que se gosta é a fórmula da felicidade

Sim! Claro, essa dica é uma das principais para levar uma vida repleta de felicidade, mas nem de longe ela é a solução dos problemas. Trabalho dá trabalho. Tem dia que você vai querer ficar dormindo até mais tarde, outros dias você vai desejar morar pra sempre numa ilha distante. Trabalhar com o que eu realmente gosto é uma grande motivação para mim, mas aprendi a respeitar meu tempo. Ou pelo menos estou tentando.

3) Felicidade só é boa quando é compartilhada

O fato é que essa tal da felicidade me irrita. Não existe isso de ser feliz o tempo todo, mas deixa isso pro próximo tópico. Você não precisa dividir sua felicidade com uma única pessoa que vai entender todos os seus desejos e anseios. A felicidade deve ser compartilhada em momentos de felicidade. E, no final das contas, ela está em todos os detalhes: quando você aprende uma coisa nova, quando compartilham uma experiência que você consegue acessar a memória da outra pessoa e, de repente, parece que você esteve lá também. Quando você ri muito de alguma coisa por muito tempo, por mais que já tenha perdido a graça, você continua rindo porque a outra pessoa também tá rindo. Quando você ajuda alguém e ela agradece. Quando você cruza com alguém que não vê há muito tempo. A felicidade deve ser compartilhada, mas com várias pessoas, várias vezes ao dia. E, claro, deve ser compartilhada com você também. Quando você fica ouvindo a mesma música no repeat, lendo um livro que te tira do ambiente em que você está. Ou, quando você pensa deitado na cama, com os pés pra cima, apoiados na parede. Dá pra ser feliz várias vezes ao dia. Não precisa estar apaixonado. Por isso, o mais legal é se apaixonar várias vezes ao longo da vida. Talvez seja pela mesma pessoa, talvez seja por várias, talvez por você mesmo. O importante é lembrar que você é sempre vários e ser companhia para si mesmo deveria ser uma felicidade compartilhada também.

4) Felicidade plena

Não sei quem colocou na nossa cabeça essa ideia de que vamos alcançar a tal felicidade. Já viram a peça “Esperando Godot”? Tudo bem, ela foi uma peça escrita depois da segunda guerra mundial e talvez quisesse dizer muito mais do que isso, mas a moral da história é que os dois personagens passam a peça inteira esperando por Godot, mas ele nunca vem. A peça inteira é uma discussão sem fim de cadê o tal do Godot. Sei que é clichê essa coisa de “sua vida passa enquanto você procura a felicidade”, mas é verdade. Porque a felicidade que você tanto almeja nunca vai chegar. Ela já está aqui, escondida em algum lugar que você não consegue ver. Ela está nos mínimos detalhes. Se você parar pra observar, tudo é mágico, tudo se conecta. Tudo é útil, porque tudo é um presente. Você usa isso da forma que quiser. Eu tive um professor que falava que pra saber se você tem uma vida feliz, basta observar como você se sente nos domingos. Se estiver muito bem, mesmo sabendo que no outro dia é segunda-feira, você é uma pessoa feliz. Criei uma teoria em cima disso: domingo é o dia que você mais precisa focar no presente, senão ele escapa rápido. Se você aprendeu a lidar com os domingos, você aprendeu a viver o momento presente. Bingo. Muita doses de felicidade no seu dia a dia, sem essa lenga lenga de feliz pra sempre.

5) Par perfeito

Não tem como encontrar o par perfeito em outra pessoa. Eu sou a única pessoa que convive comigo 24 horas por dia, então eu tenho que ser meu par perfeito pra me aturar por tanto tempo. Odeio frases no imperativo, mas SEJA O PAR PERFEITO PARA SI MESMO. Todo mundo vai parecer menos problemático e, de repente, você vai perceber que é mais compatível com os outros do que imaginava. Sabe aquela história de que o que te irrita no outro, na verdade, são defeitos seus que você não conseguiu trabalhar? Então, resolva-se primeiro, depois queira que alguém seja perfeito pra você.

6) Namorar é ter alguém pra você

Em primeiro lugar, ninguém é de ninguém. Todo mundo traz uma história de vida antes dos novos relacionamentos. Tem seus amigos, seus sonhos, sua rotina. Não é por que você encontrou alguém que agora deve isso tudo a ela. Ninguém tem o direito de invadir o espaço do outro, sistematizar o que o outro vai fazer, ficar chateado quando o outro não quer te acompanhar no seu programa de índio. Namorar é dividir.

7) Seus pais sabem o que é melhor pra você

Nunca sabem. Eles, como qualquer outro ser humano, sabem só o que é melhor pra eles.

A Soma de Todos Afetos

Blog oficial da escritora Fabíola Simões que, em 2015, publicou seu primeiro livro: "A Soma de todos Afetos".

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