Por Luana Peres
Não mendigue amor, não peça pra gostar, não implore pra ficar. Amor fruto de mandinga e pena, não vale nem um poema. Ele é falso, triste, pesado, duro. A gente carrega achando que é o melhor que se pode ter e depois descobre que sem ele somos melhores. Somos livres, leves e abertos para esperar o que nos cabe e não o que, até agora, nos coube.
Atenção, carinho, respeito, desejo, amor…nada disso pode ser imposto, pedido e implorado, pois, na medida que mendigamos sentimentos, o sentir deixa de fazer sentido. Doar-se ao outro e a tudo que ele oferece deve acontecer sem regras, sem solicitações, sem restrições, sem indicações. Ele simplesmente deve acontecer!
(e inclusive deve também ter o direito de, talvez, nunca acontecer)
Mas aí demora, a gente dá uma forçada aqui, outra lá… Finge ver o que não existe, ouvir o que nunca foi dito. Nos esforçamos para acreditarmos em palavras tortas, carinhos pequenos, entregas restritas. A gente tapa a boca, pra não dizer o que grita; e os ouvidos, pra não ouvir aquela denúncia quase silenciosa de que não há amor. Só ilusão. Só o desejo. Só o seu desejo de ser amado.
Algumas pessoas passam anos amando de forma solitária e acreditando que o que sentem é suficiente para alcançar e dar conta do florescer no território infértil do outro. Elas projetam uma energia sem dimensão num projeto que começa fadado ao erro, a dor e ao fim.
A luta solitária e a rejeição de um primeiro amor fundamental: o próprio.
Viver uma relação onde há paixão, afeto, cumplicidade, respeito e querer de ambos já não é fácil, imagina quando todos estes sentimentos concentram-se apenas de um lado. Num pólo, o peso do querer irracional, do medo de ficar só e da insegurança que diz que você não pode ter mais. No outro, o vazio. Não dá pra saber o que é sentido na outra margem porque nossa querência exagerada não permite enxergar o desejo do outro.
A pessoa diz que não está feliz ao seu lado, que tem dúvidas, que anda perdido, que não pode assumir nada sério, que não sabe o que sente… e você, no ímpeto de uma onipotência absurda, toma as rédeas e se joga na batalha pra lutar por dois, aliás, por três. Você, o outro e o ideal de amor que você criou, mas nunca existiu.
Sobre o amor, não há muito o que dizer, mas é importante pensar que: amor a dois é pra ser compartilhado. Se for solitário, deve caber somente a uma pessoa: você.
Para ler mais da autora acesse Obvious – Monólogos Diálogos e Discussões
Nesta segunda-feira (4), o Brasil se despede de Agnaldo Rayol, que faleceu aos 86 anos…
O cantor Agnaldo Rayol, uma das vozes mais marcantes da música brasileira, faleceu na madrugada…
A perda de Filó, uma cadela da raça bulldog francês de cerca de dois anos,…
No competitivo mercado de trabalho, a preparação para entrevistas de emprego costuma envolver currículos impecáveis…
Você já parou para pensar no motivo de dormir abraçado ao travesseiro? Esse hábito comum…
O cinema consegue traduzir sentimentos e vivências que, muitas vezes, vão além das palavras. No…
View Comments
Muito bom o texto.
Pra mim um dos artigos mais sólidos q já li. Capta todo o ser, todo momento, todo o sentimento. A autora está de parabéns pela exposição da sua sensibilidade. Entrou pra minha lista de favoritos !
O texto é ótimo, concordo em gênero número e grau. Já li milhares de vezes algo parecido, nada como este obviamente, e parabéns por isso. Infelizmente na pratica tudo é bem mais difícil. Esse tal de amor próprio que na teoria é perfeito não raro é massacrado pelos sentidos, mesmo que a razão esteja sempre vigilante. Hoje, pelo menos pra mim, acho que é melhor deixar que o tempo se encarregue de travar essa batalha e com isso me livre deste mal. ;)