Será se um dia eu vou encontrar alguém que me ame?
A pergunta me chegou através do Facebook; vinha de uma garota que acompanhava os meus textos.
Queria poder dizer a ela que sim, que ela ainda encontraria aquele que seria o amor da sua vida. Mas eu bem sei o quanto isso é incerto, no amor não há certezas. Há pessoas que encontram o amor, há pessoas que não encontram. Há pessoas que acreditam ter encontrado e após um tempo constatam que não, que aquela pessoa não era o amor de suas vidas. Há também quem o encontre mas por força maior o perde. É o exemplo da minha avó. A minha avó se casou com o amor da sua vida quando ainda bem jovem. Infelizmente o seu marido faleceu poucos anos após o casamento. Eles não chegaram a ter filhos. A minha avó se casou novamente mas nunca o esqueceu. Ela teve 9 filhos, novamente ficou viúva e hoje, aos quase 103 anos de idade, ela ainda se lembra do primeiro marido. O homem que ela amou morreu há mais de 80 anos, ela está todo esse tempo com ele apenas em suas lembranças e nunca encontrou um outro alguém que a fizesse sentir o mesmo. Nem sempre encontrar um amor é sinal de felicidade plena.
Além de tudo, o amor é mutável. Hoje se ama. Daqui um ano já não se sabe. Sentimentos não são fixos. Crescem ou atrofiam, depende de como são cultivados, se são cultivados… Ao contrário dos eletrônicos, no amor não há garantias. E confesso, isso é difícil pra caramba de lidar. É difícil lidar com a questão de que aquele relacionamento pode não fluir como queremos. Eu, por exemplo, detesto incertezas. Como capricorniana, preciso saber muito bem onde estou pisando, mas estou aprendendo a aceitar que em relação ao outro eu nunca terei certeza de nada pois certezas eu quase não tenho nem em relação a mim mesma. Também estou aprendendo a conviver com o fato de que pode ser que eu não chegue a encontrar uma pessoa que vai me trazer romance e ficará comigo a vida toda ou pelo menos boa parte dela. E como conviver com isso? Seguindo, encontrando algo que me apaixone: um projeto, um sonho; cultivando minhas amizades, procurando ser uma pessoa melhor pra mim mesma e para minha família, aprendendo a lidar melhor com meus problemas e com meu humor e acrescentando algo de bom nesse mundo caótico.
Realmente acredito que o que dá mais sentido à vida é o amor, mas através dos meus olhos observadores, vejo que dificilmente ele vem como ou quando a gente planeja. Na nossa vida profissional ou estudantil podemos determinar objetivos concretos: “Vou fazer tal curso em 2017, vou me graduar em quatro anos, vou escrever um livro, vou investir naquele projeto”. Podemos perseguir esses objetivos. Mas no amor? Sinceramente não acredito em planos nessa área: “Vou arranjar um namorado no próximo ano, vou me casar até os 30 porque não quero virar uma “tia”. Esse tipo de pensamento nunca entrou pela minha cabeça porque eu acho uma loucura tentar prever aquilo que não está no nosso controle. Claro que são coisas que podem acontecer mas não são tão planejáveis quanto a vida profissional já que esses acontecimentos não dependem apenas de nós.
O que eu acredito que podemos e devemos decidir é o tipo de pessoa que queremos ter ao nosso lado: companheiro, presente, com quem tenhamos afinidades e por aí vai… Analise o que é importante pra você e faça suas escolhas se baseando nisso. E aí alguém pode te dizer: “Se ficar tão exigente vai acabar ficando solteira”. Não, na verdade é o contrário, como eu disse em um dos meus textos: estar feliz comigo mesma é que me faz ser exigente. É nosso dever escolher muito bem a pessoa ao nosso lado. É nosso dever não nos contentar com migalhas. É nosso dever nos responsabilizar por nossa vida. E aí, no final das contas, pode ser mesmo que acabe não aparecendo ninguém. Mas como diz aquele antigo ditado: antes só que mal acompanhada. Antes só que com alguém que não está ao nosso lado verdadeiramente, alguém que nos mente, some ou nos diminui.
Será se vamos encontrar um amor um dia? Infelizmente, pergunta que não pode ser respondida. A vida é incerta. O amor, idem. Precisamos aceitar isso ou sofreremos. O mundo é vasto, as pessoas são muitas, as possibilidades existem. Mas nada mais que possibilidades. Não há garantias. É viver pra crer…
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Me identifiquei com a história de sua vó, lindo texto.