Por Mari Rivas
Depois de muito tempo sem assistir televisão, neste último fim de semana vi o final da Champions League por um link de um canal brasileiro. Foi divertido. E durante o intervalo observei que a publicidade e o padrão de felicidade dos brasileiros estão totalmente associados aos estereótipos dos comerciais de cerveja. Pessoas descomplicadas, sem papo cabeça, gente bonita, malhada, praia, azaração.
Gostou deste cenário? Que bom, pois eu não.
Ando com a sensação de que as pessoas estão fazendo suas escolhas pessoais como se estivessem sobre as normas de algum padrão FIFA. E com base no que exatamente? Me parece que existe um padrão comum de qualidade. Algumas pessoas são tão iguais umas as outras que parece que saíram de máquinas que formam personalidades, aparências e ambições iguais. É até involuntário. E quem sofre as consequências são também os nossos relacionamentos que se transformaram em grandes clichês. Você gosta da mesma banda que eu, temos o mesmo estilo, sou linda, você é lindo UAU fomos feitos um para o outro.
Infelizmente é assim que a cabeça da maioria das pessoas funciona.
Mas se você não fala “o meu tipo é esse ou aquele” , se você não está sempre procurando por um modelo que te agrada, mas sim por alguém que te surpreenda, se você já ouviu inúmeras vezes “Mas o que você viu nele/nela?” , parabéns, nós somos os esquisitos. Nós apreciamos aquele senso de humor esperto, aquela esquisitice charmosa e aquilo que nem você sabe o que é, mas que te encanta e que te deixa cada dia mais curioso.
A loira gostosa e o surfista sarado dos comerciais estão por ai. Aliás, o Brasil está cheio deles, basta dar uma olhada no seu Instagram. Se é isso que você quer, vai fundo, numa boa mesmo, sem julgamentos. Porque não deve ser fácil alcançar esse objetivo cujo o padrão é tão cruel, eu imagino.
Os esquisitos são mais observadores e enxergam as pessoas sempre de uma forma diferente. Os esquisitos tem paqueras e ex namorados(as) totalmente diferentes um do outro, porque não foi a casca que nos atraiu primeiramente, foi algo fascinante que só nós mesmos conseguimos enxergar. É verdade que é muito mais fácil e comum nos interessarmos por alguém do nosso círculo de amizades e de convivência. Se aquela música te agrada e agrada também a outra pessoa, as chances de vocês terem mais coisas em comum são enormes. Mas será que muitas vezes as pessoas julgam as outras antecipadamente por motivos banais? Será que é por isso que tantos casais estão terminando seus relacionamentos? Por terem acreditado num clichê de felicidade do comercial da margarina? Quando foi a ultima vez que você saiu com alguém realmente inquietante?
Eu usei este espaço para mais uma vez injetar uma reflexão sobre os tipos de prioridades nos relacionamentos da nossa sociedade e também para defender um pouquinho aqueles que teimosamente continuam pensando fora da caixa.
E você? Quer alguém que seja perfeito ou alguém que te faça feliz?
Para ler mais da autora acesse Obvious – Di Sainha
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