Há muitas formas de se cuidar, já que nos cuidamos com todas aquelas condutas por meio das quais nos mostramos amor, respeito e dedicação. Quando deixamos de nos cuidar acabamos tirando valor de nós mesmos, deixamos de dar importância a nossas necessidades e de algum modo estamos nos agredindo através de nossas próprias atitudes.
Tente por um momento refletir sobre isso: o que é cuidar de mim? O que estou fazendo para cuidar de mim? A forma como cuidamos de nós diz muito sobre como nos encontramos atualmente, já que está estreitamente relacionada com nosso estado de ânimo e nossa autopercepção.
Cuidar-se significa levar-se em conta, escutar as próprias necessidades e compreender que temos direito de nos sentirmos bem. É entender e reconhecer nossa existência, sabendo que merecemos nosso amor e nossa compaixão além de todos os preconceitos, castigos e cobranças que impomos a nós mesmos.
Estamos cuidado de nós quando evitamos o que nos produz mal-estar: quando nos afastamos de certas pessoas que nos prejudicam, quando impomos limites em relação ao que queremos e não queremos fazer, e quando nos damos a oportunidade de tomar decisões por nós mesmos, dando prioridade ao nosso bem-estar.
“Não se cuidar é uma forma de autoagressão sutil ou manifesta. Às vezes, como em um estado depressivo, a pessoa está sem energia para ela mesma, e em outros problemas o sujeito reverte sua energia contra si mesmo, aumentando por sua vez a culpa e a autodepreciação”
-Fina Sanz-
Não se preocupar consigo mesmo e não se cuidar é uma forma de se agredir e de se desvalorizar. Nossa própria autoestima fica afetada quando não atentamos para nós, já que não estamos cuidando de aspectos básicos do nosso crescimento e aprendizagem. Além disso, é bom prestar uma atenção especial a si já que esta forma de nos agredir é muito sutil, mas não deixa de ser extremamente prejudicial.
É igual a quando deixamos de regar uma planta, impedindo que ela possa viver e crescer de forma saudável. Nós também precisamos nos nutrir e dar atenção a nossas necessidades, que são a fonte da nossa energia. Dessa maneira, damos a nós a oportunidade de desenvolvimento e de explorar nossa felicidade.
“Nutrir a si mesmo de uma maneira que ajude a florescer na direção que deseja é uma meta possível de alcançar, e você merece esse esforço”
-Deborah Day-
Somos responsáveis por gerar em nossas vidas emoções e sentimentos agradáveis. Temos a capacidade de fazer florescer nossa felicidade e dar a ela o maior sentido de nossa existência, compartilhando nosso amor. Dedicar tempo a nós deve ser uma de nossas prioridades, e assim estaremos nos cuidando. Como consequência disso, se fizermos bem feito, poderemos cuidar dos outros depois.
Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, o egoísmo aparece realmente quando não damos atenção a nós, quando consideramos que estamos nos voltando mais para os outros do que para nós mesmos. Longe de ser um gesto altruísta e amável, supõe na verdade um descuido que nos impede de nos ouvir e compartilhar tudo o que temos e somos.
Não podemos dar nada que não temos, e se não contamos com nosso amor, respeito e compreensão, dificilmente poderemos oferecê-lo para os demais. Sem ser conscientes disso, acabamos mendigando aos outros o que nós mesmos não nos damos. Nos apoiamos nos outros não atentando para o que realmente precisam, mas sim para tentar encontrar sensações positivas que não conseguimos de nós mesmos.
Os que se comportam como salvadores e cuidadores na vida são muito inconscientes do próprio egoísmo, porque acreditam estar no ponto contrário: do desprendimento, da generosidade, do altruísmo e da amabilidade. Mas para chegar a esse ponto o primeiro passo é estar bem, escutar a si mesmo e amar-se, ou então tudo o que oferecemos aos outros estará contaminado por nossa falta de amor próprio.
“Minha própria pessoa deve ser um objeto de meu amor igual ao que é outra pessoa. A afirmação da vida, da felicidade, do crescimento e da liberdade pessoal está arraigada na própria capacidade de amar, isto é, no cuidado, no respeito, na responsabilidade e no conhecimento. Se um indivíduo é capaz de amar produtivamente, também ama a si mesmo: se só ama os outros, não pode amar em absoluto”.
-Erich Fromm-
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