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Muito mais achados do que perdidos

Já me acharam boba, chata e muito mais. Já me chamaram de amiga e depois me soltaram a mão nos momentos mais aterrorizantes. Culpei quem me largou a mão, culpei a mim. De início, esperneei. De meio, me revoltei, mas no fim minha alma foi crescendo e me (re)encontrei. Me pergunto em que momento da vida eu me perdi, ou se já havia me encontrado antes e nem notei. E a pergunta que fazia antes da ficha cair era: Por que me deixaram aqui sozinha nesse momento? E depois consegui reformular a pergunta que realmente deveria me fazer: Como eu pude me abandonar?

Vi que achismos sempre vão haver, no outro sobre mim e em mim sobre o outro. Mas o importante é que eu não me perca nos achismos do outro, que eu não fantasie cavalos andando nas nuvens onde há só cavalos andando na terra. E talvez seja esse o sobrenome do crescimento: desfantasiar sem perder o encanto pela vida e pelas pessoas. Nesse teste eu passei, me dou nota 10. Sou uma eterna encantada pela vida e por algumas pessoas. Sim, me tornei seletiva.

Vi também que eu não posso me perder nas palavras do outro, porque só eu sei o que sou e sinto. Não sou doce todos os dias, 24 horas por dia. Tenho mau humor, mas brigo rápido com ele e brigas de ponta pés! Tenho momentos em que preciso silenciar tudo, até meus pensamentos. Silêncio também é despertar.

Só eu sei das minhas lutas, das vencidas e das perdidas. Só eu sei me dar colo, só eu sei lavar minha alma em minhas lágrimas quando preciso. Só eu conheço os verdadeiros caminhos que me fazem bem, que me envolvem na paz que tanto aprecio.

Perdi muito com meu jeito de ser, ganhei muito com meu jeito de me respeitar, de saber doar depois que eu soube me-dar. E esse me-dar me mostrou a verdadeira felicidade.

Aprendi a deletar o que não me faz bem, o que não combina com a minha alma. Não é exagero, é respeito por mim e também pelo outro. E isso não é frieza, é equilíbrio. Não sei fazer joguinhos, gosto de coisas claras e doces, amargura não me interessa. Sou admiradora de almas recheadas por grandeza, que sabem que respeito é a elegância da alma. E só quem é gente grande por dentro tem.

Nesse mundo não tem lado, estamos todos do mesmo lado, com o Universo somos um. Vibrar amor faz bem pro próprio coração. Raiva faz um mal danado pro mesmo. Eu escolhi o amor e quando sinto uma pessoa com raiva, me lembro daquela canção dos Beatles “all you need is love” é, meu irmão “love is all you need”.

Não brigo mais com meu espírito quando ele pede basta. Tenho limites e os respeito. Aprendi a me respeitar e a me cuidar e me alegrar quando alguma poluição de fora quer me invadir, aprendi que quem gosta de mim de verdade não se coloca abaixo de mim, me pondo num altar, mas enxerga meus defeitos e inclui sinceridade no jardim da amizade.

Me sinto imensamente grata e no lucro. Na caminhada do aprendizado que é a vida perdi coisas e pessoas que achei essenciais e talvez até fossem pra aquela que fui um dia, mas ganhei muito mais. Ganhei paz, alegria e a certeza de que almas não se cruzam por acaso, mas que almas na mesma vibração se atraem e criam elos bonitos e infinitos.

E dos perdidos, tenho muito mais achados. Achados de paz, de luz que é o que me interessa, pois minha alma gosta mesmo é de leveza, peso não me interessa.

Meire Oliveira

Meire Oliveira é Escritora, Poeta e Coach de transformação. Amante das estrelas e das estradas. Autora dos livros Pintando Borboletas e Vai Com Fé que Flui. Conjuga o verbo escrever com vários outros juntos: ama, sente, vê. Por isso nasce e renasce em palavras que palpitam nela.

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Meire Oliveira

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