Traçar um novo rumo, mudar algumas concepções antigas e buscar outros objetivos para conquistar. O plano era me desfazer de tudo o que você me deu, rasgar as nossas fotografias e nunca mais visitar os lugares em que passamos. O plano era te excluir de tudo e me livrar do passado. O plano era não me humilhar mais e parar de tomar dores que nunca me pertenceu. O plano era de tirar você das minhas prioridades, parar de abrir mão do que me importa e não me culpar mais por você sempre fazer tudo errado.
Eu confesso…
Quando nos despedimos, eu tentei e quase consegui. Alternei o meu caminho para não passar em frente à sua casa, mudei a playlist que tocava no meu carro, nunca mais usei aquela blusa preferida que você me deu, joguei a nossa aliança do décimo andar, cortava todo e qualquer assunto que remetesse ao seu nome, fugi de infinitas perguntas sobre o nosso término. Eu fui mais forte do que imaginei que seria. Eu só chorei no primeiro final de semana sozinha, mas nos outros, eu me mantive forte e distraída com outras coisas. A parte ruim, é que eu sempre comia mais chocolate do que algo natural, mas isso é irrelevante eu contar para vocês. Sempre que eu encontrava alguém, a pessoa me dizia que eu estava diferente. Um jeito delicado e discreto de dizer que eu engordei. Como nem tudo nessa vida é perfeito, eu entrei na academia e comecei a passar boa parte da minha rotina malhando, me desgastando em suor e cuidados extremos com o corpo. Se eu não poderia ser sua, eu cheguei à conclusão que eu deveria, então, ser atraente para outros olhos.
Quando falamos de imprevistos do coração, é nítido o quanto tudo mexe loucamente com o nosso interior e exterior. Por mais simples que seja, ou mais comum em alguns casos, falar sobre o amor é tocar em uma ferida aberta. Existem muitos perfis de pessoas, mas nessa situação, apenas duas: as que querem se matar por não conseguir se imaginar sem a pessoa, e as que arrancam os curativos e seguem sangrando. Francamente, sou a segunda hipótese.
Essa ideia de perder você, foi como tentar pular um abismo, mas acabar caindo dentro dele. Ao contrário de outros modos de superação, eu sempre optei pelo caminho menos dramático. Por crença, eu sempre preferi o realismo. Portanto, eu nunca gostei de tornar maior, um problema pequeno ou médio. As coisas são como são, e embora doesse, eu gosto de encará-las frente à frente. Sem bifurcações ou covardia.
A parte mais triste dos finais são os começos.
Quando conhecemos alguém, nos apaixonamos e desejamos envelhecer ao lado daquela pessoa. Entre mil opções, escolhemos uma para dividir, somar e compartilhar. O mínimo para fazer acontecer, é a reciprocidade. Entendemos que quando duas pessoas querem a mesma coisa, elas lutam de mãos dadas para alcançarem os seus propósitos. É frustrante qualquer imprevisto negativo que ocorra durante as etapas da conquista e estabilização. Foi assim com a gente, é assim com qualquer outro casal.
Eu estava indo muito bem na tentativa de te esquecer. Quando por algum descuido, a nostalgia me encontrou e me fez lembrar de tudo o que vivemos. Sequei as lágrimas e sorri. Abri um sorriso daqueles que eu não dava fazia muito tempo. Fechei os olhos e passou um filme na minha cabeça me mostrando todos os nossos momentos. A parte mais memorável, foram as lembranças em que poderíamos contar incondicionalmente com o outro. Éramos parceiros, cúmplices e amigos, acima de tudo.
E foi assim, sem querer e nem porquê, que eu descobri que eu ainda te amo.
E que esse amor vai perdurar até o meu último batimento cardíaco. Afinal, uma coisa é certa: existem amores que não se esquece e não supera. Amores que sempre farão o nosso coração acelerar, o pelo arrepiar e a saliva secar. Existem amores que são únicos e eternos, assim como existem amores que, por mais que tentamos, não saem de nós. Eles vivem, e renascem feito uma faísca que nunca se apaga. Existem amores que não se comparam, não substituem, não são iguais a nenhum outro. Existem amores, assim como o meu por você, que pega de surpresa e domina, novamente, de tal forma, que me torna indefesa.
Existe uma voz que perdura, me dizendo baixinho: “Está na hora de seguir em frente, e deixar o passado no lugar dele”.
Talvez, esse final feliz que tanto dizem, no meu caso, seja só seguir em frente.
Mas cada passo torto que eu dou, volto duas casinhas querendo te encontrar. E sei que se eu encontrar um caminho sem obstáculo, ele não vai me levar à lugar nenhum.
Você sempre me ganha, antes de me perder.
Volta?
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