Por Clara Baccarin
Para me entender tire os sapatos, puxe um livro, acenda um cigarro, e diga alto “imagina se…”. Respire fundo, dispa-se, relaxe, esqueça tudo que já sabe dessa vida, esqueça as intenções, esqueça a sua inteligência, padronizada, esqueça as suas experiências, a diferença de idade, as verdades. Para me entender seja. A tentativa de ser intensa, inteira, a tentativa de empatia, a vontade de não se perder, mesmo que a vida seja só perda, mesmo que te façam palhaça, mesmo com essa cara de boba. Seja uma mulher. Que aprendeu a rir de si mesma, e a defender seu lado feio, que não tem vergonha do que nela é tão pequeno. Para me entender se esqueça. De me ver com os seus olhos, com as suas intenções, preocupações ou ideias. Se esqueça de resgatar os seus mundos para compreender os meus. Venha de alma nua. Porque tenho um lado primaveril tão forte quanto o iceberg. E é provável se enganar à primeira vista. Sim, estou sempre no caminho do amor, mas esse mesmo caminho que é luz tem longas estiagens. Por isso não me julgue por uma fotografia, uma esquina, um lado, uma tarde de aniversário. Para entender uma mulher tenha a coragem de despi-la com os olhos dela.
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