Um dia você percebe que é sim possível criar uma vida aparentemente perfeita. Concretizar os roteiros das propagandas de margarina. É possível seguir convenções de felicidade, ser a mulher boa mãe, bem sucedida, viajada, acompanhada do príncipe encantado, porta-retratos das colunas sociais.
Mas um dia você percebe que começou cedo a corrida para conquistar tudo o que precisava, querendo sempre mais, almejando o topo, e percebe que nunca pôde ou se deu um tempo mais quieto, mais sereno, para ouvir o que fala o seu profundo, o que quer seu coração.
E se a vida te desse a chance de estar sozinha por uns dias, num lugar afastado e só seu e que você sem se preocupar com obrigações, deveres, culpas e medos, você conseguisse sentir apenas o que você quer? Se você tivesse uns dias só para você, como escolheria aproveitá-los? Como seria viver?
Acordaria e faria um café? Ficaria mais umas horas na cama? Leria um livro na varanda? Cantaria alto? Andaria nua? Dormiria cedo, assistindo filme no sofá?
Se o mundo não existisse, quem seria você?
Antes de ser a mulher, a mãe, a profissional, a que gosta de prender os cabelos, de passar esmalte vermelho, e usar sapatilha preta (ou o contrário de tudo isso)…
E se você percebesse que seu destino, aquele que está aí dentro, é mais caótico, sensível, curvilíneo do que você estava tentando construir?
O que diz sua intuição?
Aquele sentimento que aparece antes de pensar em dinheiro, em problemas, nas vontades do ego, nas comparações sociais, nas conquistas ainda não cumpridas.
Quem é essa mulher aí, com sonhos próprios, livre no sentir, que sabe deixar os sentimentos transbordarem, que se dá a liberdade de quebrar molduras para caber melhor em si mesma? Respira aliviada ao esticar as próprias asas.
E se perceber que o mundo não está nas suas mãos, que liberdade mesmo é aceitar-se inteira, imperfeita e que isso não deveria machucar ninguém: nem os outros, nem a você mesma.
É tão renovador quando a gente se permite não ter que cumprir os sonhos de ninguém, e começa a viver a própria vida por mais atabalhoada que possa parecer.
Porque nada mais apertado dos que os sapatinhos de cristal, nada mais restrito do que enquadrar o destino numa moldura pré-fabricada e nada mais chato do que agir na vida como personagem dos olhares dos outros.
Então seja a mulher do lar, do bar, do mundo, recatada, expansiva, inquieta, nua, maquiada, bela, feia, descabelada… A mulher que você quiser, desde que seja você.
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