Há algum tempo, escrevi um texto intitulado “Presentes”. Nele, eu dizia que os melhores presentes são aqueles que comovem mais. Não precisa ser o mais caro, mas aquele que chega na hora certa, e encaixa da maneira exata. E me recordava de um texto de Martha Medeiros, que se chamava “O melhor presente”. Nele, ela dizia que “o melhor presente que podemos oferecer a alguém é um acréscimo de vida. Podemos fazer isso dando uma dica de livro, uma dica de música, uma dica de lugar para conhecer, uma dica de programa de tevê que foge da mesmice, enfim, tornar a vida do outro mais rica através de ideias e de emoções”.
Hoje aconteceu. Da maneira mais linda e inesperada, ganhei um doce presente.
Logo pela manhã recebi esta crítica ao meu livro como uma grande recordação pelo dia do meu aniversário, celebrado hoje.
Através de seu olhar sensível e generoso, Josie Conti traduz em palavras todo sentimento contido no livro. À ela, minha eterna gratidão. A vocês, o motivo do meu encantamento:
“Há um texto atribuído à Malba Taham que apresenta a origem da palavra “sincera”:
“Os romanos fabricavam certos vasos de uma cera especial. Essa cera era, às vezes tão pura e perfeita que os vasos se tornavam transparentes. Em alguns casos, chegava-se a se distinguir um objeto um colar, uma pulseira ou um dado, que estivesse colocado no interior do vaso. Para o vaso, assim fino e límpido, dizia o romano vaidoso:
– Como é lindo… Parece até que não tem cera!
“Sine-cera ” queria dizer “sem cera”, uma qualidade de vaso perfeito, finíssimo, delicado, que deixava ver através de suas paredes. E da antiga cerâmica romana, o vocábulo passou a ter um significado muito mais elevado.
Sincero, é aquele que é franco, leal, verdadeiro, que não oculta, que não usa disfarces, malícias ou dissimulações.
O sincero, à semelhança do vaso, deixa ver através de suas palavras, os nobres sentimentos de seu coração.”
“Sine-cera”, então, tornou-se para mim a definição perfeita quando pensei em falar do livro “A Soma de Todos os Afetos”, da escritora Fabíola Simões, que, em mais de 100 crônicas, apresenta uma coletânea de sentimentos e percepções da vida tão delicadamente desenhados que poderia ser indicado não só para as pessoas que carregam interesse lá pelo mundo de dentro, mas também àqueles que precisam entender e conhecer particularidades do processo de crescimento e maturação emocional do ser humano.
Tradutora de emoções, a prosa poética apresentada pela autora é um espelho de prata para pessoas sensíveis. É um toque de vida aos que procuram explicações que deem sentidos aos sentir. É mãe que assopra a ferida do filho que caiu da bicicleta.
O reencontro consigo e o amor pelos seus é tão intenso nas palavras da autora que transforma letras em risos, frases em lágrimas, textos completos em suspiros. Seus parágrafos têm cor e cheiro. O livro todo é um grande e terno abraço de reconciliação com a maturidade que a vida proporciona.
Como não querer ler crônicas que têm como título “O tempo da delicadeza”, “O que a memória ama fica eterno” ou “A gente tem que continuar”? Os textos apresentados trazem a poética do que é essencial, do cotidiano dos afetos e do que dá sentido a continuidade da jornada.
É muito gratificante poder dizer que Fabíola Simões é certamente uma das melhores cronistas dessa geração, pois tem a capacidade de conciliar conteúdo de extrema qualidade à beleza estética de sua escrita. Afinal, a perfeição não mora longe da simplicidade.
Definitivamente um livro para ler, reler e presentear a quem amamos.”
Josie Conti
*Josie Conti é psicóloga, blogueira e empresária. Abandonou o serviço público para manter seus valores pessoais e hoje trabalha prioritariamente na internet com a administração de sites e redes sociais da área da Psicologia e Literatura. É autora do site Conti outra.
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