Por Patrícia Pinheiro
Gosto muito de assistir ao programa Chegadas e Partidas, do GNT, onde a incrível Astrid Fontanelle vai ao Aeroporto Internacional de São Paulo colher histórias. Ele nos presenteia com a emoção de mães que reencontram seus filhos depois de 10 anos de dura distância; com a angústia mesclada à sede de mundo de adolescentes que se despedem de sua família pela primeira vez e partem rumo à realização do sonho do intercâmbio; com a expectativa que grita nos corpos daqueles que estão ali à espera do abraço de quem se ama.
Dentre diversas histórias que me proporcionaram diferentes tipos de lágrimas, uma delas me tocou de maneira especial: um casal de mulheres com seus, no máximo, 30 anos, estava à espera do avião que as levaria para outro país em busca da realização de uma das etapas do tratamento do câncer que acometia uma delas há algum tempo. Enquanto a que a estava acompanhando a olhava – com aqueles olhos de quem venera, de quem carrega um amor que dá sentido a tudo – e dizia que estaria sempre ao seu lado, a moça que estava doente dizia algo assim: “Sabe como a gente tem certeza de que o outro realmente gosta da gente? Quando ele escolhe permanecer ao nosso lado e nos amar ainda que estejamos inúteis.”
É fácil amar o outro quando ele está forte, independente; quando – ainda que precise, em alguns momentos, que você o pegue no colo – não há algo que comprometa radicalmente sua autonomia física ou emocional. Difícil é entregar-se totalmente a ponto de zelar pela vida outro; de assumir o controle pois ele já não pode mais ser mais dividido; de carregar um sentimento que, ainda que diante não da inutilidade – pois aquele que amamos jamais será inútil aos nossos olhos – , mas da fraqueza e dependência alheia, nos faz prontamente “úteis” e certos de que devemos segurar aquela mão que tanto precisa da nossa.
Ainda quando eu era criança, meu pai já apresentava problemas de saúde. Mas foram nos últimos anos de sua vida – os quais eu pude não só acompanhar, mas entender perfeitamente o que acontecia – que eles se acentuaram bastante. Lembro que acordava, à noite, com o barulho do choro dele, com o som da sua respiração que denunciava que seus pulmões já não funcionavam direito, com seus passos desorientados movidos por um cérebro que já não sabia mais, em alguns momentos, nem onde ficava sua própria casa. E minha mãe sempre estava lá, passando a mão em sua cabeça e dizendo palavras doces numa tentativa de afastar a dor; sendo a orientação através de seus braços magros a o segurarem e a presença constante nos leitos (e corredores) de hospitais.
Sorte da moça do aeroporto, sorte do meu pai, que encontraram alguém que escolheu ficar, não pelo medo da culpa de partir, mas por amarem tanto que não cogitaram estar em qualquer outro lugar do mundo.
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