Por Josie Conti
Nós podemos priorizar pessoas em situações de emergência. Podemos exercer o altruísmo e darmos mais do que recebemos quando é possível fazê-lo. Podemos também ser gentis e receptivos socialmente, entretanto, na rotina dos relacionamentos, priorizar constantemente quem nos deixa sempre em segundo plano não costuma ser uma atitude que traz real satisfação pessoal.
Quando percebemos que isso é uma realidade em nossas vidas é necessário olhar com atenção e entender se o que está acontecendo é algo que faz parte da dinâmica do relacionamento onde, em alguns momentos, um dos pares está mais disponível que o outro ou se estamos falando de uma constante relação de submissão e busca por um retorno profissional ou afetivo que não tem grandes chances de mudança- ou que talvez não tenha os melhores resultados através desse tipo de posicionamento pessoal.
Podemos pensar em alguém com uma estima baixa como, por exemplo, uma pessoa que não se sentiu amada na infância e que pode passar a vida esperando ser reconhecida justamente por aqueles que não a veem como alguém de valor. É como se as escolhas fossem exatamente direcionadas para aqueles que só podem lhe oferecer migalhas de afeto e atenção. Quando a atenção é plena e total é mais provável que surja mais o desinteresse do que propriamente a felicidade. Afinal, como alguém “realmente interessante e desejável” poderia querer alguém com ela? Esse tipo de situação não é incomum em amores platônicos por pessoas hierarquicamente superiores no trabalho ou mesmo por pessoas que não estão disponíveis para amar e realmente se entregar a uma relação.
Também não seria incomum esse comportamento em pessoas que tiveram uma infância muito rígida e disciplinada onde o afeto só acontecia mediante a entrega da perfeição. Pessoas que crescem nesse tipo de ambiente tendem a esconder suas próprias falhas, pois as supervalorizam. Tendem, ainda, a atribuir demasiado valor ao que vem de fora e sujeitam-se a receber menos, assim como acontecia com seus pais, mantém-se em posição secundária e subordinada.
Lembre-se que se existe um escravo na relação é porque na outra extremidade dela existe um senhor. Entretando, muito do poder que esse “senhor” exerce pode ser fruto apenas do que você lhe atribui. Nesses casos, talvez seja a hora de rever o motivo de você estar sempre em segundo plano e trabalhar para libertar-se.
Imagem de capa: Anna Dittmann
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