O mesmo tipo de amor, aquele que
tinha vocação de eternidade e um dia se quebrou, também se quebrará na China, na Tailândia, numa travessa da Avenida Paulista, numa vila em Paraty.
O mesmo olhar que denuncia o primeiro lampejo de afeição será repetido inúmeras vezes em tempos distintos, existindo e se repetindo em cada canto, em qualquer instante, a todo momento.
O choro abafado no travesseiro, o gosto salgado molhando os lábios, a dor física dentro do peito e a noção avassaladora de que nunca mais será feliz de novo. O porre no bar, a garganta seca, a falta de fome. O fim se repetirá vezes e mais vezes, aqui ou a milhas de distância, numa sequência de dor e esperança, desafiando e persuadindo a seguir em frente.
O caderno de receitas amarelado pelo tempo, o ingrediente secreto de família, o prato principal que será perpetuado de geração em geração. A moça começando a cozinhar, a avó enchendo a cozinha de vapores do tempo. Todas as horas num só tempo.
A vitória no concurso público. A seleção para aquele cargo. O sucesso no vestibular. As alegrias permanentes ou passageiras, a satisfação de conseguir chegar lá.
O pedido de casamento, a chave ofertada como presente, as mãos entrelaçadas por tempo suficiente para se tornar memória palpável. O beijo roubado, o abraço compartilhado. O choro que lavou os dois, a distância que uniu mais. Aqui ou em qualquer outro lugar, em diferentes tempos, em espaços distintos, todos UM.
O silêncio que fala e fere, a distância intransponível dos que querem ser noite calada. O vazio que fica, em qualquer lugar, a todo momento, eternamente.
A criança que dorme enquanto sua mãe lê. As páginas virando história naquela varanda. O livro que será lido por muitas e muitas outras mães, mulheres, homens jovens ou maduros, em diferentes lugares, por diferentes motivos.
A vida se repete. Nós é que mudamos e damos um sentido diferente ao mundo que roda indefinidamente, insistentemente. Somos muitos. E apesar de não sermos os mesmos, vivemos histórias muito comuns. Somos originais, mas nossas histórias são universais.
A vida é clichê, quem muda somos nós.
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Delícia de texto!!! Reflexão pertinente!!!
Delícia de texto!!! Reflexão pertinente!!!
Maravilhoso!!! Saudades de ler Gabo que tanto devorei ao longo do tempo. É isso, apesar de nossas peculiaridades, somos apenas humanos.
A vida se repete, depende de nós repetir os mesmos papéis...
Boa reflexão, obrigada, feliz e abençoado final de semana,
abraços carinhosos
Maria Teresa
Obrigada Tânia! Que bom que gostou! Bjs!!!
Simone, obrigada pela visita e por acrescentar tanto! Gabo é demais, não é? Bjs!!!
Simone, obrigada pela visita e por acrescentar tanto! Gabo é demais, não é? Bjs!!!
Olá Maria Teresa! Depende de nós construir uma existência original! Abençoado fim de semana! Abraços carinhosos!!!
É sim! Tenho uma pequena coleção de livros dele. Bjsss!
Fabiola, você tem um jeito cativante de escrever !!Quando leio seus textos parece que voce esta falando para mim e sempre me faz refletir sobre os meus sentimentos e sobre o rumo que eu estou dando a minha vida.Parabéns e obrigada por compartilhar comigo.