Desde que comecei o blog, há dois anos, descobri que sou uma pessoa corajosa. Ao oferecer-me ao leitor, quase nua, em letras que traduzem minha vida e meu espírito, rompo uma barreira de juízos e precauções, e arrisco viver sem receio de tropeçar e cair, quase acreditando que posso ser melhor do que imagino.
Habituamos a nos esconder. Preferimos as condenações aos vôos livres, e nos refugiamos numa vida segura e cheia de reservas. Nos reservamos o direito de calar, de pisar em terreno sólido e firme, de não correr riscos, de avançar dentro de um limite razoável. E esquecemos que o preço de tentar racionalizar tudo é viver pela metade, ignorando que a vida acontece e deve acontecer pra quem simplesmente se deixa em paz.
Existe uma fábula que conta a história de uma galinha que vivia numa granja e se destacava entre todas as outras por seu espírito de aventura e ousadia. Não tinha limites e andava por onde queria. O dono, porém, estava aborrecido com ela. Suas atitudes estavam contagiando as outras, que já a estavam copiando.
Um dia o dono fincou um bambu no meio do campo, e amarrou a galinha a ele com um barbante de dois metros. O mundo tão amplo que a ave tinha foi reduzido a exatamente onde o fio lhe permitia chegar. Ali, ciscando, comendo, dormindo, estabeleceu sua vida. De tanto andar nesse círculo, a grama dali foi desaparecendo. Era interessante ver delineado um círculo perfeito em volta dela. Do lado de fora onde a galinha não podia chegar, a grama verde; do lado de dentro, só terra.
Depois de um tempo, o dono se compadeceu da ave pois ela, tão inquieta e audaciosa, era agora uma apática figura. Então a soltou.
Agora estava livre! Mas, estranhamente, a galinha não ultrapassava o círculo que ela própria havia feito. Só ciscava dentro do seu limite imaginário. Olhava para o lado de fora mas não tinha coragem suficiente para se aventurar a ir até lá. E assim foi até o seu fim.
De vez em quando agimos feito a galinha. Preferimos ciscar em nossa zona de conforto a ousar novos contornos. Nos amedrontamos diante de novas possibilidades e construímos círculos fechados onde podemos nos refugiar em segurança. Inventamos desculpas que nos convencem de nossa pouca habilidade e capacidade de sermos melhores ou mesmo diferentes, simplesmente porque não sabemos lidar com a quebra da rotina ou com a exploração de novos terrenos.
É preciso uma boa dose de ‘cara de pau’ _ ou coragem de se expôr _ se quisermos existir de verdade. E recordo o candidato Tiririca, cuja falta de senso crítico o fez chegar onde desejava, ainda que sem preparo algum. Quantas pessoas _ preparadas e cheias de talento _ deixam oportunidades passarem e sonhos serem arquivados simplesmente porque construíram círculos fechados em volta de si mesmos, com receio de expôr aquilo que realmente são, preferindo viver uma vida segura _ e limitada_ a viajar para novos espaços onde a grama é mais verde e o céu mais azul?
2014 chega ao fim trazendo a promessa de novos dias pra gente escrever a história com sabedoria e jogo de cintura. Talvez seja a hora de nos percebermos capazes. De descobrirmos nossos talentos e aprendermos o poder da autoconfiança, sem subestimar nossos dons, mas aprendendo a usá-los com coragem, arriscando ser mais nós mesmos do que seríamos em nossos abrigos.
Que em 2015 possamos nos deixar em paz. Que haja coragem de dar o primeiro passo, reconhecendo pouco a pouco que somos capazes de enfrentar os desafios sem medo dos tropeços que acontecem na vida de todos e de cada um. Que possamos romper a barreira do medo e da falta de esperança, descobrindo que também carregamos bençãos, dons que recebemos e poucas vezes temos a coragem de explorar. Que haja fé, esperança e otimismo, por um ano de menos desculpas e mais realizações…
Feliz 2015!!!
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É, chatíssima zona de conforto. Quando se é mais jovem nos arriscamos mais, estabelecemos sempre novas metas, nos aventuramos. Com a idade, porém, preferimos a zona de conforto. Não é o ideal, porque nosso espírito não envelheceu e nos faz, muitas vezes, arriscar sair um pouco do espaço que criamos. Mas sempre voltamos novamente. É uma barreira invisível que nosso cérebro criou e que gostaríamos de romper. Resta a esperança, sempre, que numa destas reviravoltas da vida, sejamos obrigados a tomar uma atitude e partir para encarar a vida de frente.
Que delícia isto de você se descobrir corajosa e de nos presentear com suas tão oportunas reflexões.
Que possamos todos desenvolver a coragem necessária para buscar está paz que só encontramos em
Nós mesmos, através do deixar fluir e confiar, sobretudo em Deus Pai.
Feliz tudo novo para você menina Fabíola!
Obrigada por tua nudez.
Beijos e upa forte! ;)) ❤️
Olá Rubens! Sim, resta a esperança, ainda mais com um ano limpinho pela frente! Obrigada pela visita! Visitei seu blog também, gostei muito, parabéns! Um grande 2015 pra você! Abraços!
Olá Jeito simples! Que Deus conduza nossos passos para que aprendamos a caminhar e confiar... Feliz 2015 para você e obrigada pela visita e pelo carinho! Bjs e upa forte!
Como é bom encontrar pessoas comuns em tempos comuns fazendo o que a gente sente, algumas coisas só quem passa entende.
Acreditar, realizar, fazer acontecer, sem esperar pra isso que venha o entardecer.
Pois a hora é agora, a vida é uma escola e o tempo não demora.
Obrigada por compartilhar do momento que vivo agora, com a completa cara de pau comecei a escrever um livro, nem sei bem onde a idéia começou, mas já estou amando esse filho. Tecendo, desenhando e ansiando por sua chegada.
Estarei lhe acompanhando
Um 2015 cheio de surpresas pra você
Flávia Gonçalves