Título Original: Dias de outono
Queria ter me preparado melhor, escrito um texto especial para o “Dia das Mães”, mas tenho aprendido que a vida é mesmo imprevisível, e por isso o texto planejado não saiu ( só não posso deixar de escrever um cartão especial pra minha mãe_ ela, que sempre preferiu as declarações aos presentes!)
Hoje, dirigindo de casa para o trabalho, pensei na quantidade de imprevistos que nos cercam. Lembrei da dengue que deixou meu filho doente em pleno encontro de turma na minha casa; da pneumonia que minha mãe contraiu esse fim de semana na praia, junto dos 3 filhos, genros, noras e netos, bem na véspera do dia das mães; da arritmia cardíaca que me fez perder os sentidos enquanto dirigia levando meu filho na escola semana passada.
Quando acontecem sustos assim, no meio do que pensávamos ser “mais um dia”, paramos para pensar na imprevisibilidade da vida, na condução de nossos dias, no controle que_ imaginamos_ter.
Insisto em acreditar que jamais seremos donos de nosso nariz. Talvez sejamos como folhas de outono que não controlam a direção do vento_ e algumas vezes nossas intenções não bastam para o resultado final.
Estava guiando meu carro, com meu filho na cadeirinha do banco de trás. Subitamente minha vista escureceu e a condução do carro ficou à mercê do destino. Graças a Deus não sofremos um acidente, mas como compreender que em certos momentos perdemos o domínio de tudo?
A vida impõe pausas. Dá freadas bruscas no meio do caminho e, com sorte, nos permite reavaliar a rota, o trajeto, o cuidado com o equipamento.
Nesses dias de outono, em que saímos do verão e ainda não estamos prontos para o inverno, pode ser que o corpo_ e o espírito_ se ressinta. “Ainda não é chegada a hora de hibernar”, ele dirá… Mas o outono dos dias pode ser a oportunidade de adaptação. Permitir-se um pouco de abandono diante do caos diário, das decisões nem tão importantes assim, dos desejos insuportavelmente desnecessários.
Podemos querer muito alguma coisa, mas isso não garante que seja nossa. Podemos desejar muito um momento, mas isso não o torna possível.
A perfeição das coisas, dos dias, dos acontecimentos… não nos pertence. Tudo faz parte de uma trama maior, na qual estamos inseridos, como linhas coloridas que se entrelaçam formando a tecelagem. Temos intenções, supomos nossas direções, conduzimos a ponta de nossas “agulhas”, mas o desenho final pode ser diferente daquele que imaginamos.
É preciso planejar sem grandes expectativas; acreditar, perdoando se não for possível; sonhar, somando esperança com otimismo; arriscar, sem culpa ou arrependimento.
Entender, acima de tudo, que não somos culpados pelo acaso, por aquilo que não controlamos, por ventos súbitos que mudam nossa direção. Além disso, nunca é o bastante lembrar que amor não se cobra, e com saúde não se brinca.
Então perdoe-se quando for menos amado do que gostaria e permita-se um pouco de repouso_ sombra e água fresca_ de vez em quando.
Pausas são necessárias, e uma hora você irá perceber que foi importante ter o freio de mão puxado, a rota desviada, a tecelagem desorganizada.
E simplesmente agradecerá por estar vivo_ em segurança, em paz. Curtindo seus dias de outono, enquanto o inverno não vem…
Imagem: Karina Kiel
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