Wagner Moura também era fã e afirmou que aquela foi talvez a noite mais emocionante de toda sua vida.
Assim como Wagner, somos todos órfãos de uma banda que era quase uma religião, tamanho o impacto das letras de Renato Russo sobre nossas vidas, uma espécie de trilha sonora oficial da adolescência brasileira.
Fui apresentada a Legião Urbana no finzinho da década de 80, devia ter uns 14 anos. Naquela época a banda estava no auge e buscávamos uma identidade. As letras de Renato nos deram essa identidade, fazendo-nos crer que alguém entendia o que sentíamos e conseguia expressar em melodias o que se passava em nossas vidas. Impossível não se sentir fortalecido depois de ouvir “Podem até maltratar meu coração, que meu espírito ninguém vai conseguir quebrar…”
Não haviam ipods, mp3 nem CDs, só vinil e fitas cassetes. Nunca tive um LP do Legião pois as fitas eram copiadas de mão em mão e se multiplicavam rapidamente no pátio da escola; voltávamos prá casa em bando cantando “Faroeste Caboclo”_ um hino da nossa geração_ e que trunfo decorar a letra até o fim, era como se enfim fizéssemos parte do time.
Entrei na faculdade em 92 e lá conheci outros adolescentes_porque ainda éramos muito jovens aos 17 ou 18_igualmente fãs da banda. Estávamos longe de casa, montando as 1as. repúblicas, experimentando a liberdade e nos apaixonando a cada minuto. Renato Russo falava de um Brasil que “é o país do futuro” e entoávamos “somos tão jovens…” com a força de nossa alma, como se a canção pudessse perpetuar aqueles momentos.
” O sistema é mau, mas minha turma é legal”… Com esses versos nossa turma se reunia nas repúblicas, barzinhos ou na “pedra”, nosso mirante particular nas noites estreladas. A vida era um filme, haviam muitos Eduardos e Mônicas e a gente sofria por amor. Nessas horas o consolo vinha com Andréia Dória: “Nada mais vai me ferir é que eu já me acostumei com a estrada errada que eu segui, com a minha própria lei”… ou para os mais sentimentais, “Vento no Litoral”.
Tudo era explicado e definido pelas letras até o dia em que dissemos “Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar que tudo era prá sempre sem saber que o ‘prá sempre” sempre acaba…” Estávamos indo de volta prá casa e dali prá frente a vida seria só nossa, com todas as dúvidas, questionamentos, esperanças e incertezas. Como os versos de “Será”…
Em 1996 Renato Russo morreu e nos sentimos órfãos. Mas o legado que ele deixou ainda comove mesmo os que vieram depois, pois suas canções não remetem mais ao ano em que surgiram, mas sim à idade que os ouvintes tinham quando escutaram pela 1a. vez.
Pouca gente na platéia do Espaço da Américas deve ter tido oportunidade de assistir a um show da banda original. Entretanto_e talvez por essa razão_ a apresentação daquela noite teve o impacto de uma experiência quase religiosa. Wagner Moura representou cada um dos fãs da Legião e criou uma empatia singular com o público que se identificou com o “cidadão comum” representado por ele. Como todos nós, estava visivelmente emocionado e entregue. Foi o anfitrião de uma grande festa regendo o coro, um enorme karaokê onde todas as músicas traziam de volta a história pessoal de cada um.
Assisti ao show pela TV e tive vontade de estar lá, ser um daqueles braços pro alto, sentir o calor da platéia e reviver uma época que sempre fará parte de mim. De qualquer forma permanece a lembrança de um tempo bom, como a calçada riscada com tijolo de construção. E mesmo que o tempo passe e a chuva apague as marcas vamos continuar acreditando “que o que aconteceu ainda está por vir e o futuro não é mais como era antigamente”…
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“ O feitiço se voltou contra o feitiçeiro“ foi assim que me senti quando li essa publicacao sua... eu sou esse romatico a “ moda Legiao“ tipo Vento no Litral, Sete Cidades, Musica Ambiente, Quando voce Voltar e outras mais... Voce sendo mulher me encanta com sua perfeicao nas palavras e tambem com seus romantismo raro se achar... Mas esse feitço quero que volte pra mim sempre. Me senti bem ha tempos nao era assim! Agradeço com todo o amor que ha no meu coracao... Nao sei quem e voce mas o seu espirito me faz bem... Prefiri nao escrever trechos de musica... so qureria demonstrar o que um coraçao esta transbordando...
Bjo pra vc!!! Força Sempre.
Obrigada Anônimo! Suas palavras encheram meu dia de poesia e alegria! Bjo!
Cara Fabíola,
Me tornei mais um dos teus leitores a partir de hoje (e não só por hoje, pode ter certeza - rss), depois que uma de minhas filhas postou no meu face um dos teus textos.
Quanto a este, o meu comentário é o seguinte:
Sou um jovem de 50 anos que também viveu e vive Legião Urbana - ainda os toco no violão em encontros com amigos!
O que me chamou a atenção, no entanto, foi o título deste texto: sou um dependente químico em recuperação, estou limpo há algum tempo, mas (não sei se sabes), como dizemos na nossa linguagem de narcóticos anônimos, estou limpo "Só Por Hoje"!!! Pois cada dia limpo é uma conquista a ser realizada. Destaco minha vida em dois momentos dentro de uma música de Legião Urbana, "Há Tempos": Uma fase sombria, quando diz "muitos temores nascem do cansaço e da solidão"; "sonhos vem, sonhos vão, o resto é imperfeito"; "disseste que se tua voz tivesse força igual à imensa dor que sentes, teu grito acordaria não só a tua casa mas a vizinhança inteira"... E felizmente, hoje... e só por hoje (porque o amanhã a Deus, à minha honestidade, mente aberta e boa vontade pertencem!!!), as fraes são meu amor, disciplina é liberdade, compaixão é fortaleza, ter bondade é ter coragem!!! Lá em casa tem um poço, mas a água é muito limpa!!!"
Boa noite!!
Olá Sandrinho!
Puxa, adorei seu comentário e seu relato de fé, força e superação! Fico muito contente quando as pessoas se identificam e abrem o coração!
Legião me fascina há muito tempo, e o trecho que você colocou é lindo...
Só por hoje desejo que você seja feliz e continue na sua jornada e conquista de cada dia!
Obrigada pelo carinho e por comentar! Agradeça sua filha por mim (por ter te apresentado ao blog!)
Um abraço!!!
Uma série de arrepios tomou conta do meu corpo enquanto lia seu texto. Lendo os comentários, veio-me a confirmação de que Legião é realmente uma Religião. Há fãs de todas as idades, tribos e vidas. Meu caso ainda não foi citado, sou fã desde a infância, apesar de não ter vivido na época do auge da banda... Hoje, com 16 anos, não existem músicas que me identifique mais do que as da Legião. Elas conseguem atingir o meu núcleo, o subconsciente e a alma, tudo ao mesmo tempo. Conseguem expressar a indignação pela administração governamental, a falta de amor e respeito na sociedade, a própria sociedade e seus paradigmas ridículos, a liberdade que se tem quando se vive pra si mesmo, o amor próprio, as histórias de vida, literalmente tudo. É ótimo saber que outras pessoas também se sentem assim. E Fabíola, obrigada por esse e por todos os outros textos, são lindos, inspirados e transmitem emoção!
Sorry, it? is you who are showing your ignorance. This is called a MEDELY, which means there are many songs played during this performance. The question was what AC/DC song is being played. It is indeed Riff Raff with Bon Scott. Arthur Smith recorded Guitar Boogie in the late 1940′s, not 1968(???) Finally, you might want to watch the video I recorded of Tommy and Aurthur Smith with Chet Atkins playing Guitar Boogie. I’ll leave your comment up just to make you look fonlosh…Thaiks for watching!